Governo e oposição defendem "investigação ampla" pela CPI do Cachoeira
Parlamentares de partidos governistas e da oposição defenderam nesta quinta-feira (19) "investigação ampla" pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai analisar as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados. O requerimento de criação da CPI foi assinado por 337 deputados e 72 senadores.
"O governo não pode blindar certos fatos. Quem blindar pagará um preço alto perante a sociedade", disse o líder do DEM no Senado, senador Agripino Maia (RN). Segundo ele, o partido indicará o senador Jayme Campos (DEM-MT) para compor a comissão. Ele informou ainda que o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-MT) será o suplente.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou esperar que a sociedade cobre o esclarecimento de todos os fatos. Ele disse que foram os parlamentares do PT que começaram a coletar assinaturas para a criação da CPMI. "Queremos que a apuração vá até o fim, não temos medo dela.”
O líder do PSOL, deputado Chico Alencar (RJ), disse esperar que a CPMI seja efetiva. "Ela tem que fazer investigação ampla sobre as teias horizontais construídas pelo empresário Carlinhos Cachoeiras, que permeiam os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, chegando até mesmo ao Ministério Público.” Para ele, a eficácia da CPMI dependerá de sua composição. "Não pode haver empate técnico do tipo ‘não investigue os meus que eu poupo os seus’", afirmou.
O líder do DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA), declarou que partido "quer investigar absolutamente tudo, doa a quem doer". Conforme o parlamentar, o governo petista vem "sepultando as CPIs no Brasil", como a CPI da Petrobras e a CPI das ONGs. "O governo vem usando de sua ampla maioria para acobertar a corrupção", afirmou. "Esta é uma nova oportunidade para que a base do governo demonstre seu espírito público e os membros que estão sendo indicados não saiam como os pizzaiolos que enterraram mais essa investigação.” ACM Neto destacou que, dos 30 membros titulares, a oposição só terá sete integrantes.
Para o líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP), “se a oposição é minoria na CPMI, é porque há menos deputados da oposição na própria composição do Parlamento”. Segundo ele, a comissão vai apurar a infiltração do crime organizado no país, seja no Poder Executivo, no Poder Judiciário ou no Ministério Público. "Não vamos fazer pré-julgamento e condenar sem ampla defesa. Não vamos usar matérias do jornal, queremos que os fatos sejam apurados com serenidade, paciência e de forma criteriosa", complementou.
Pela liderança do PSDB, o deputado Bruno Araújo (PE) defendeu o trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público nas investigações. "Esperamos que essa CPMI possa mostrar ao país as entranhas do crime organizado", afirmou. Araújo disse ainda que a CPMI terá como principal meta revelar as operações das empresas que participam de ligações com o poder público. "A participação da Delta em contratos com o poder público precisa ser investigada em todas as esferas.”
O líder do PR, Lincoln Portela (MG), disse que seu partido não fará papel de oposição nem de governo. "O importante aqui é a responsabilidade para a apuração dos fatos", disse ele, adiantando que o PR indicará os deputados Maurício Quintella Lessa (AL) e Ronaldo Fonseca (DF) para a composição da CPMI.
Para a senadora Ana Amélia (PP-RS), “a expectativa popular” em torno do resultado dessa CPMI não pode ser frustrada. "Não podemos abrir mão do compromisso de salvar o Senado e de salvar o Parlamento do envolvimento com práticas criminosas", disse.
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