Vinte anos depois, Collor e petistas se afinam em CPI
Há 19 anos e 11 meses, petistas gritavam por CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) por conta das denúncias de corrupção contra o presidente da República Fernando Collor feitas por seu próprio irmão, Pedro. Duas décadas depois, o adversário virou aliado, inclusive na CPI mista que vai apurar a relação de parlamentares com o contraventor Carlinhos Cachoeira.
Hoje senador, Fernando Collor (PTB-AL) não escondeu a euforia por participar da comissão. Na abertura, feita nesta quarta-feira (25), trocou opiniões principalmente com petistas (que não estavam na CPI que o investigou em 1992), cumprimentou ex-desafetos e fez propostas ao relator. Outros adversários, como o senador Pedro Simon (PMDB-RS) e o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), presentes mesmo sem serem membros titulares, não se aproximaram dele.
Collor chegou à reunião às 10h38. Sentou-se entre o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), e o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), ex-delegado da Polícia Federal. Foi cumprimentado pelo petista com um efusivo aperto de mão e um "bom dia, presidente". Do tucano, visivelmente incomodado, ouviu apenas um "olá". Com o rosto vermelho que caracterizou muitos dos seus discursos nos tempos de Palácio do Planalto, optou inicialmente pelo silêncio.
Ganhou a atenção do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que defendeu sua saída do Palácio do Planalto quando era vice-governador de São Paulo na gestão Luiz Antonio Fleury Filho. Depois apertou a mão do líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), cujo avô --Antônio Carlos Magalhães-- foi seu aliado até os últimos dias de seu governo, que foi de 1990 a 1992.
Collor escutou o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), com dois dedos encostados ao queixo. Trocou opiniões com Tatto e viu Francischini se levantar, para retornar apenas uma hora depois, para a votação dos pedidos ao STF (Supremo Tribunal Federal) dos inquéritos que envolvem parlamentares relacionados a Cachoeira. Em sua vez, O senador sugeriu convocar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Os petistas se entreolharam.
Minutos depois, o ex-líder do governo na Câmara Cândido Vaccarezza (PT-SP) e o senador Wellington Dias (PT-PI) se aproximaram do senador. "Presidente, talvez seja melhor deixarmos o procurador para depois. O senhor concorda?", perguntou Dias. Collor ouviu. Durante a votação, reiterou a sugestão de convocação de Gurgel e dos delegados que conduziram as operações Vegas e Monte Carlo.
Com sutileza, os petistas sugeriram ao microfone "acompanhar o voto do relator", pedindo apenas o acesso aos inquéritos do Supremo. Os outros membros seguiram esse voto, para não se associarem à sugestão de Collor. O senador, com sorriso de canto de rosto, acompanhou a votação até o final. Quando a sessão ficou restrita a comentários genéricos, foi até a mesa para cumprimentar o relator Odair Cunha (PT-MG). Demorou-se 10 segundos, em meio aos flashes dos fotógrafos. Saiu às 11h13, sem dar entrevistas.
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