Julgamento do mensalão teria impacto nas eleições mesmo sem novo fatiamento, diz Gurgel
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse nesta quinta-feira (20) que o julgamento do mensalão teria impacto nas eleições de outubro mesmo sem o novo fatiamento que foi pedido ontem pelo relator do processo, ministro Joaquim Barbosa.
“É a continuidade do metódo [do fatiamento]. O próprio julgamento teria impacto nas eleições e precisa ocorrer”, afirmou Gurgel. “O Supremo Tribunal está realizando um julgamento e teria que fazer em algum momento e o país está maduro suficiente para que isso não tenha um impacto maior”, disse.
O relator decidiu criar uma "nova fatia" dentro do item atualmente analisado, o de número seis. Com isso, foi adiada a análise dos réus ligados aos chamados núcleos político e publicitário, que também estão neste item.
Os votos sobre a cúpula petista --o ex-ministro José Dirceu, o ex-deputado José Genoino e o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares-- ficam adiados por, pelo menos, uma semana, próximo às eleições.
A justificativa de Barbosa é o cansaço e grande número de réus neste item: eram 23 antes do novo "fatiamento". O magistrado e o revisor negam que o adiamento da votação deste trecho tenha qualquer relação com a proximidade das eleições.
Sobre as condenações pedidas nesta quinta pelo relator, Gurgel disse que o resultado é coerente. "Cada fatia é uma fatia. Temos que aguardar, continuo esperando e convencido que este é o resultado se coaduna, que é coerente com a prova dos autos."
O procurador disse ainda que vê o julgamento como histórico. “Este julgamento é um marco da história do país e se o resultado for aquele que o Ministério Público espera, eu não tenho dúvida que ele repercutirá sim, que em certas práticas, infelizmente muito frequente, na política brasileira tendem pelo menos sejam reduzidas ou pelo menos a despertar uma preocupação e um temor maior na parcela de pessoas que realizam frequentemente estas práticas”
“É preciso que o país entenda, de uma vez por todas, que este tipo de conduta não é mais compatível com o estágio que se chegou a nossa democracia”, afirmou, sobre os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. “É inadmissível que este tipo de prática persista. Se nós temos aqui um juízo condenatório dos réus, nós temos de certa forma (...) um alerta para quem proceder desta forma: deverá ter o mesmo destino [condenação]”, concluiu o procurador-geral.
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