Presidente da Câmara assume administração de Londrina (PR); ele é o 4º prefeito em 4 anos

A cidade de Londrina (388 km de Curitiba) passa a ter o quarto prefeito em quatro anos de administração. Com a prisão de José Joaquim Ribeiro (sem partido), na manhã desta quinta-feira (20), seguida da entrega da carta de renúncia feita pelo advogado dele, quem assume a administração do município é o presidente da Câmara de Vereadores, Gerson Araújo (PSDB).

Com a função determinada pela Lei Orgânica do Município, Araújo tentará conciliar o cargo de prefeito com a campanha de reeleição. “Meus advogados estão verificando a possibilidade de seguir nas duas situações, mas se tiver que escolher, sou prefeito. É uma responsabilidade da qual eu não abro mão”, disse o vereador ao UOL durante a sessão da Câmara na tarde de hoje, que se transformou também em sessão de posse. "Garanto calmaria à cidade", disse.

A carta de renúncia do prefeito preso foi apresentada pelo advogado Paulo Nolasco, que defende Ribeiro das acusações de recebimento de propina. “A renúncia do meu cliente se dá porque, no entendimento do Tribunal de Justiça, a prisão foi decretada porque ele ocupara um cargo público. Agora ele não vai cuidar dos interesses públicos. Ele estava no lugar errado e na hora errada”, afirmou Nolasco.

Ribeiro foi preso por determinação do desembargador do TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná), José Maurício Pinto de Almeida, com base na ação criminal onde promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) investigaram denúncias de corrupção e fraudes na licitação de kits escolares (uniformes, mochilas e tênis), entre 2010 e 2011. Ribeiro assumiu em depoimento que recebeu R$ 150 mil em propina.

O prefeito preso foi levado de carro do balneário de Piçarras (a 120 km de Florianópolis) para o Paraná, onde deve ser encaminhado à prisão provisória. “Ele deve ser levado primeiro para Curitiba, mas estamos solicitando que seja encaminhado à Londrina”, afirmou o promotor e coordenador do Gaeco, Cláudio Esteves, destacando que vai insistir no pedido de prisão de outras três pessoas envolvidas no esquema.

Londrina tem um histórico conturbado na administração pública. Em 2009, venceu Antonio Belinati (PP), mas não assumiu o cargo porque teve o registro cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Enquanto uma nova eleição era realizada, assumiu interinamente o presidente da Câmara na época, José Roque Neto (PTB).

Em maio de 2009, Barbosa Neto (PDT) venceu o “terceiro turno” e administrou a cidade até 30 de julho deste ano, quando foi cassado pela Câmara, acusado de pagar o serviço de vigilância da rádio da família com dinheiro público. Ribeiro, que era vice de Barbosa, assumiu a função durante 50 dias, até renunciar e passar o cargo ao vereador Araújo.