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Afirmação sobre relação de prostitutas e congressistas no foi "relativa", diz deputado Jean Wyllys

Do UOL, em Brasília

17/01/2013 16h49Atualizada em 17/01/2013 16h58

O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) disse nesta quinta-feira (17) que seu comentário sobre as prostitutas foi "incerto e relativo", e diz ter sido mal interpretado pela imprensa. Ontem, ele havia afirmado "eu diria que 60% da população masculina do Congresso Nacional faz uso dos serviços das prostitutas, então acho que esses caras vão querer fazer uso desse serviço em ambientes mais seguros".

Hoje, em nota oficial, ele negou o teor da declaração. "Está claro que eu não me referi a estatísticas precisas, levantadas por institutos de pesquisas."

De olho no aumento da exploração sexual durante a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, o deputado protocolou um projeto de lei na Câmara dos Deputados para regularizar a profissão das prostitutas. Ele quer que a proposta seja aprovada até 2014, para evitar a proliferação de casos como o divulgado no último dia 10, quando uma jovem conseguiu fugir de uma casa onde era explorada sexualmente e mantida em cativeiro, em São Paulo.

Leia abaixo a íntegra da nota emitida pelo deputado:

“Está claro – até porque usei o verbo no futuro do pretérito ('diria que 60%…'), tempo verbal que torna relativa e incerta qualquer afirmação – está claro que eu não me referi a estatísticas precisas, levantadas por institutos de pesquisas. Considerando que jornalistas fossem capazes de levar em conta essa nuanças da Língua, espantou-me a maneira literal como parte da imprensa interpretou essa frase.

Na verdade, eu sei que essa parte da imprensa, até por estar em jogo os direitos de uma minoria difamada (as prostitutas), investiu na cobertura sensacionalista que sempre gera audiência, mas também histeria. É óbvio que a referência a 60% queria dizer “a maioria”; e que essa percepção de que boa parte dos homens já recorreu a serviços de prostitutas não é só minha nem é mentira, por mais indignados que os autoproclamados paladinos da “moral” e dos “bons costumes” tenham se mostrado indignados com ela.

Essa percepção é fruto da realidade que vemos todos os dias, das conversas que ouvimos, da literatura que lemos e dos filmes a que assistimos: sim, as prostitutas existem e a maioria dos homens recorre aos seus serviços! De mais a mais, o fato de que parlamentares recorrem a serviços de prostitutas já foi divulgado diferentes vezes por diferentes veículos de comunicação. É só procurar por essas matérias.

Por fim, gostaria de ver os deputados que se inflamaram com a estatística imprecisa indignados com o que realmente importa: por exemplo, com o fato de os prováveis novos presidentes da Câmara e do Senado estarem envolvidos em denúncias de corrupção e com o fato de muitos dos parlamentares terem vendido seus votos em matérias importantes”