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Plebiscito "nasceu morto", diz senador tucano Aécio Neves

Do UOL, em Brasília

04/07/2013 16h33Atualizada em 04/07/2013 17h25

O senador tucano Aécio Neves (MG), potencial candidato do PSDB à Presidência da República em 2014, disse nesta quinta-feira (4) que o plebiscito sobre a reforma política sugerido pela presidente Dilma Rousseff “nasceu morto”. Hoje, o governo reconheceu que não será possível realizar a consulta popular a tempo de que as mudanças valham para as eleições de 2014.

“[O plebiscito] nasceu morto e o governo sabia disso. O governo, quando criou a constituinte exclusiva, que durou 24 horas, sabia que ela era inviável. Quando apresentou uma proposta de plebiscito sobre temas tão complexos em um prazo tão curto, sabia que era inviável”, disse Aécio no Senado.

“Era uma forma de desviar a atenção da população das questões centrais. Infelizmente, estamos vendo passar o tempo e as questões centrais, da mobilidade urbana, da saúde de qualidade”, afirmou.

O vice-presidente Michel Temer, que fez o anúncio sobre o recuo da ideia de plebiscito hoje, ao lado do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que uma alternativa é que a consulta popular seja feita em 2014, no segundo turno das eleições. Nesse caso, as medidas aprovadas só teriam efeito nas eleições municipais de 2016.

Mais tarde, Temer voltou atrás e emitiu nota oficial na tarde desta quinta-feira (4) em que declarou que o governo mantém a intenção de que o plebiscito sobre a reforma política valha já para as eleições de 2014.

"Embora reconheça as dificuldades impostas pelo calendário, reafirmo que o governo mantém a posição de que o ideal é a realização do plebiscito em data que altere o sistema político-eleitoral já nas eleições de 2014", disse, em nota oficial.

Os partidos de oposição avaliaram a sugestão de plebiscito em 2014 como uma demonstração de que Palácio do Planalto está "perdido". Os oposicionistas continuam defendendo o referendo em lugar de plebiscito e acreditam que a consulta popular acompanhada das eleições nacionais, no próximo ano, vai confundir o eleitor.

"Preparar questões para a população responder em 2014 elegendo novos congressistas é uma situação confusa. O mais adequado seria o Congresso Nacional realizar a reforma política e submetê-la ao referendo em 2014 ou anunciar que só se fará a reforma depois das eleições, com um novo Congresso", disse o vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR).

O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), tem opinião parecida. Para o deputado, o Congresso tem que avançar nos temas da reforma política que podem ser consensuais e prever a aplicação para oito anos, para então promover um referendo. "Essa é a maneira correta de fazer. Empurrar um plebiscito para o ano que vem é mais um factoide. Em 2014, todos vão estar ocupados com a campanha eleitoral", analisou.