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"Se tem batom na cueca, isso vai ser aberto", diz Paes sobre CPI dos Ônibus no Rio

O prefeito Eduardo Paes (PMDB) disse não ter medo de ser investigado pela CPI dos Ônibus - Reynaldo Vasconcelos/Futura Press
O prefeito Eduardo Paes (PMDB) disse não ter medo de ser investigado pela CPI dos Ônibus Imagem: Reynaldo Vasconcelos/Futura Press

Do UOL, no Rio

15/08/2013 21h34

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), afirmou na noite desta quinta-feira (15) que o poder Executivo não interferiu no processo de instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Ônibus, que investiga indícios de irregularidades a partir de uma licitação feita em 2010 para sistematizar o serviço de ônibus na capital fluminense.

Paes também disse que, na condição de prefeito e liderança política do PMDB, não fará pressão interna para que os parlamentares da base deixem de investigar o próprio governo: "Se tem batom na cueca, se tem picaretagem, isso vai ser aberto."

Paes chegou a dizer que preferiria que não existisse uma CPI para investigar os contratos com quatro consórcios que operam as linhas de ônibus na cidade, e que seria melhor para ele ter a oportunidade de "explicar naturalmente".

Porém, afirmou posteriormente não ser "nem a favor nem contra" à instalação da comissão, definindo-se "legalista" em relação aos outros poderes.

"Não agi para ter CPI ou não ter CPI. Desde o início, eu disse que esse era um problema do parlamento. (...) Não me compete como chefe do Executivo ficar aqui dizendo se vai ter CPI ou não vai ter CPI. Eu não sou a favor nem contra. O meu papel é de respeito ao parlamento", declarou.

O prefeito disse ainda que cancelará a licitação feita em 2010 se alguma irregularidade for comprovada durante a investigação da CPI dos Ônibus.

"Se alguém comprovar que houve cartel no processo licitatório, eu cancelo a licitação na hora. Mas não pode ser achismo. (...) Se o poder Judiciário, uma CPI ou o Tribunal de Contas, se alguma dessas instituições chegar e dizer que tem [irregularidade no contrato], se ficar comprovado, eu cancelo o contrato na hora", afirmou.

"Mas quando eu tenho os meus órgãos de controle, a Procuradoria, a Controladoria do Município, que não são pessoas nomeadas por mim, dizendo que o processo é legal. Que se respeito o devido processo legal. Sem um fato novo, mostrando uma ilegalidade, eu não tenho como fazer", completou Paes.

Por fim, o chefe do Executivo declarou não ter "medo" da CPI dos Ônibus: "Eu não tenho medo nenhum de CPI. Eu tenho medo de 'discurseira', de verborragia, de gente despreparada que não sabe o que diz, de gente que não tem informação e está por aí dizendo coisa. Eu não sou a favor nem contra [a CPI], e não tenho o menor problema".

A polêmica da CPI

A presidência da CPI dos Ônibus ficou a cargo de um vereador do PMDB, Chiquinho Brazão, pertencente à base governista. A decisão gerou a revolta da oposição de jovens manifestantes que ocupam as partes interna e externa da Câmara. Eles querem que o presidente seja o vereador Eliomar Coelho (PSOL), proponente da comissão.

Outros três integrantes da CPI são da base do governo na Câmara e foram escolhidos mesmo sem assinar o requerimento de instalação. São eles o relator, professor Uóston (PMDB), e os vereadores Renato Moura (PTC) e Jorginho da SOS (PMDB).

"Eu não mando na Câmara. De fato, o meu partido os partidos que apoiaram a minha candidatura elegeram muito mais vereador pelo voto democrático, direto e popular do que a oposição. Mas isso não significa uma relação de subserviência. Tanto não é assim que a CPI está aí", disse o prefeito ao ser questionado sobre a composição da comissão.

Paes participou na noite de hoje de um debate ao vivo por meio de uma ferramenta de vídeo do Google. Ele respondeu a questões formuladas por cinco convidados: o músico Tico Santa Cruz, o vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio, Ronaldo Cramer, o diretor do Observatório de Favelas, Jaílson de Souza, o ativista Miguel Lago e a universitária Fabricia Ramos. A mediação é do diretor de Jornalismo do Grupo Bandeirantes no Rio, Rodolfo Schneider.