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Campos vê "fadiga" do PT e diz que política não se restringe ao "nós contra eles"

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

30/09/2013 19h28

Cada vez mais cotado a se candidatar à Presidência em 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), afirmou, em palestra a empresários nesta segunda-feira (30), em São Paulo, que o PT vive processo de fadiga após mais de dez anos no governo, do qual seu partido fez parte até anunciar o rompimento há cerca de duas semanas.

Campos afirmou que, na história recente do país, diversos partidos representaram o sentimento de mudança da população, mas ficaram ultrapassados. “As forças políticas envelhecem, como as pessoas envelhecem, como as máquinas nas empresas ficam ultrapassadas”, disse.

O governador de Pernambuco citou como exemplos o MDB (antigo nome do PMDB), que durante a ditadura representou os anseios pela democracia,  mas depois “envelheceu”, segundo ele; o PSDB, que após um tempo no governo “estava descolado” dos desejos da população; e agora o PT.
“Está acontecendo no PT o processo de fadiga de dez anos do poder, com equívocos que foram cometidos e com acertos”, disse. “Nosso partido não se arrepende de ter participado nesses dez anos.”

Ao longo da palestra, Campos bateu na tecla de que é preciso construir uma “nova política” e citou em vários momentos os protestos realizados em junho e julho. O tom adotado pelo governador foi o de “conservar os acertos” do governo do PT, mas avançar. Na palestra de hoje, em mais de um momento Campos criticou a polarização entre PT e PSDB. “Não podemos reduzir o Brasil a nós e a eles.”

Na semana passada, a Executiva Nacional do PT divulgou resolução, em resposta ao rompimento do PSB com governo, na qual afirmou que em 2014 não haverá espaço para uma terceira alternativa, numa tentativa de convencer os socialistas a permanecerem no campo governista.

Para o governador de Pernambuco, as eleições presidenciais de 2010 ficaram presas ao debate entre PT e PSDB, o que causou impacto no governo Dilma. “O debate foi pobre, desprovido de pensamento estratégico. Estamos sentido falta das ideias do debate que não houve”, disse. “Precisamos pensar o país para além da eleição de 2014.”

O governador de Pernambuco comentou também o programa Bolsa Família do governo federal. Para ele, “ninguém é contra o Bolsa Família, ao menos publicamente”. “Na hora que vai pra disputa, todo mundo afina”. No entanto, afirmou que é preciso ir além de “um cadastro único, com um cartão e um depósito bancário”.

“Já tem muita criança cuja que era filha de beneficiária do Bolsa Família e que agora é a mãe que recebe o Bolsa Família.”
Sobre uma das razões que levaram o PSB a deixar o governo, Campos citou a falta de diálogo com a sociedade e com empreendedores. O socialista afirmou ainda que os serviços públicos no Brasil estão na “fase pré-analógica” e criticou o chamado “presidencialismo de coalização”, “que não leva o Brasil a nenhum lugar.”