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Em meio à crise com PMDB, Dilma dá posse a seis ministros

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

17/03/2014 10h40Atualizada em 17/03/2014 13h00

Em meio à crise com o PMDB, em cerimônia no Palácio do Planalto na manhã desta segunda-feira (17), a presidente Dilma Rouseff deu posse a seis novos ministros. A presidente aproveitou a posse para defender mais uma vez a sua política econômica e disse que, assim como os novos titulares, eles “estão do lado do povo brasileiro”.

Dois dos dos novos ministros são ligados ao PMDB, segundo maior partido da base aliada do governo federal, atrás apenas do próprio PT de Dilma: Neri Geller (Agricultura) e Vinicius Lages (Turismo).

Apesar de não ser filiado ao partido, Lages foi indicado ao posto pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), enquanto Geller se filiou ao PMDB recentemente. Geller é ligado à bancada do Mato Grosso no Congresso, tem o aval do senador Blairo Maggi (PR) e bom trânsito com o atual ministro da Agricultura deputado Antonio Andrade (PMDB-MG).

Deixam os cargos o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas; das Cidades, deputado Aguinaldo Ribeiro; da Pesca, senador Marcelo Crivella; da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp; da Agricultura, deputado Antônio Andrade; e do Turismo, deputado Gastão Vieira.

Além de Lages e Geller, assumiram seus cargos hoje o ex-presidente da Petrobras Biocombustível e ex-ministro, Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário); o vice-presidente de governo da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi (Cidades); o reitor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Clelio Campolina Diniz (Ciência e Tecnologia) e o senador Eduardo Lopes (Pesca).

Em seu discurso na cerimônia, Dilma afirmou ainda que eles “contribuíram decisivamente para a construção e consolidação de um projeto de Brasil que propiciou algo raro: crescer, diminuir a desigualdade, construir um mercado interno de massa e, ao mesmo tempo, manter os fundamentos macroeconômicos e garantir que o Brasil mantém hoje diante de um quadro que hoje começa a melhorar internacionalmente, uma situação de estabilidade para enfrentar todas as conjunturas”.

“Nós deixamos de ser o país do futuro e esses brasileiros que aqui estão hoje são responsáveis por a gente estar construindo o Brasil do presente. O povo brasileiro é sábio e percebe muito bem quem está do lado dele. Asseguro aos senhores que esses ministros que saem e os que entram estão ao lado do povo brasileiro”, acrescentou.

Os outros indicados são de outros partidos aliados: Gilberto Occhi, das Cidades, é ligado ao PP; Lopes é senador pelo PRB-RJ; Rossetto é filiado ao PT e Campolina é de perfil técnico, mas foi indicado a Dilma pelo ex-ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel (PT). Um dos principais objetivos de mudanças ministeriais em ano eleitoral é acomodar partidos da base e, assim, garantir mais tempo de TV. 

Todos os demissionários, com exceção de Raupp, retomam seus mandatos parlamentares, de olho nas eleições de outubro. Para disputar o pleito, era necessário deixar o governo até o início de abril.

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Segunda fase da reforma ministerial

A posse dos novos ministros ocorre na segunda fase da reforma ministerial, marcada pela tensão entre PT e PMDB.

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Apesar de ter sido contemplado com um filiado, o PMDB ainda não se deu satisfeito com a escolha de Dilma. Na quinta-feira, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que a bancada do PMDB na Casa não participou da escolha dos nomes dos novos ministros. "O PMDB da Câmara não participou, em momento algum, da escolha desses nomes. É decisão da presidente. Eu reconheço que ela fez boas escolhas", afirmou Alves.

O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), disse, em entrevista à "Folha de S.Paulo", que o partido não foi ouvido. "A presidente não aceitou dois nomes do PMDB, ela indicou dois nomes delas. Se for do PMDB, será por acaso", criticou o parlamentar.

Escuta Essa! PMDB só dá alegrias a Dilma. Será?

Em fevereiro, na primeira etapa, Dilma já havia substituído quatro ministros -- dois deixaram as pastas para se dedicar a candidaturas. Aloizio Mercadante deixou o Ministério da Educação e assumiu a Casa Civil, onde substituiu Gleisi Hoffmann, além de Thomas Traumann (que substituiu Helena Chagas na Secretaria de Comunicação), Arthur Chioro (entrou no lugar de Alexandre Padilha na Saúde) e José Henrique Paim (que entrou na vaga de Mercadante no MEC).

À época, Dilma disse que "as mudanças nos ministérios eram, na democracia, inevitáveis". Ao que tudo indica, e das pastas que estavam inicialmente no alvo, a presidente praticamente encerrou a reforma ministerial do último ano de seu primeiro mandato, mas ainda podem ser trocados os chefes da Integração Nacional, Francisco José Coelho Teixeira, e Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos.

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