Fábrica desiste de fazer máscaras de Carnaval de Cerveró após pressão
Uma fábrica de máscaras de carnaval do Rio de Janeiro desistiu de fabricar máscaras com o molde do rosto do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. A decisão foi tomada depois que advogados ligados ao ex-executivo ligaram para a direção da fábrica e ameaçaram processar a empresa caso as máscaras fossem fabricadas. A indústria prepara uma remessa de máscaras da presidente da Petrobras, Graça Foster.
A proprietária da fábrica Condal, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, disse nesta quinta-feira (29) que advogados ligados a Cerveró telefonaram para ela e pediram “amigavelmente” que as máscaras não fossem fabricadas.
“Eles me telefonaram e disseram que como não havia nenhuma autorização de direito de imagem, era melhor que a gente não fabricasse as máscaras”, afirmou Olga. A proprietária, no ramo de fabricação de máscaras há 56 anos, disse que perguntou aos advogados sobre o que aconteceria caso a empresa decidisse fabricar os artefatos. “Eles disseram que se a gente fabricasse, seríamos processados. Aí, então, tiramos o nosso cavalinho da chuva”, afirmou.
Nestor Cerveró é acusado de crimes como lavagem de dinheiro, corrupção investigados pela operação Lava Jato, que apura desvio de verbas na Petrobras. No dia 14 de janeiro, quando voltava de Londres, Nestor Cerveró foi preso pela Polícia Federal no Rio de Janeiro. Desde então, ele é mantido preso na carceragem da PF em Curitiba.
O advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, confirmou que o pedido para que as máscaras não fossem fabricadas foi feito por um advogado amigo de um dos filhos de Nestor Cerveró. O nome do advogado, no entanto, não foi revelado.
Ribeiro afirma que não participou da conversa, mas nega que tenha havido “ameaça”. “Até onde fui informado, o que houve foi uma conversa amigável”, afirmou.
Para Olga Salles, o que houve foi falta de “sendo de humor” da parte dos Cerveró. “Acho que faltou senso de humor deles. As máscaras são uma manifestação lúdica. Ninguém quer ofender ninguém. Já fizemos as máscaras de tanta gente. Nesses 56 anos, ninguém havia pedido para que a gente não fabricasse uma máscara”, afirmou.
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