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Citados em lista não-oficial da Lava Jato podem comandar comissão no Senado

Gleisi Hoffmann é senadora (PT-PR) e ex-ministra da Casa Civil - Pedro Ladeira/Folhapress
Gleisi Hoffmann é senadora (PT-PR) e ex-ministra da Casa Civil Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

25/02/2015 17h18

O comando da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, uma das mais importantes da Casa, deverá ficar com um senador petista citado em listas não-oficiais como beneficiado pelo esquema de desvio de recursos da Petrobras investigado pela Polícia Federal. A presidência da comissão, que ficará com o PT, está sendo disputada pelos senadores Delcídio Amaral (PT-MS) e Gleisi Hoffmann (PT-PR). O anúncio do presidente só deverá ser feito na semana que vem.

A divisão do comandos das 11 comissões permanentes do Senado foi anunciada nesta quarta-feira (25) pelo líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), que disse ter atendido a regra da proporcionalidade. Seguindo essa regra, o PT teria direito a presidir duas comissões: Direitos Humanos e a de Assuntos Econômicos. Paulo Paim (PT-RS) comandará a Comissão de Direitos Humanos, e Delcídio e Gleisi disputam a presidência do colegiado de Assuntos Econômicos.

De acordo com lista publicada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa citou ao menos 28 políticos que teriam se beneficiado do esquema investigado pela Lava Jato.

Segundo as investigações da Polícia Federal e do MPF (Ministério Público Federal), empreiteiras superfaturavam contratos com a Petrobras e direcionavam parte do dinheiro para partidos e políticos. Na lista publicada pelo “O Estado de S. Paulo”, tanto Gleisi Hoffmann quanto Delcídio Amaral são citados.

A expectativa é que a PGR (Procuradoria Geral da República) ofereça denúncias ou peça a abertura de inquéritos contra os políticos citados no esquema ainda nesta semana.

Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que também teria sido citado por Costa, não haveria "desconforto" dentro do PT caso o futuro presidente da Comissão de Assuntos Econômicos venha a ser alvo de uma ação da PGR no STF. “Ainda que qualquer um deles venha a ser objeto de abertura de inquérito, até que se prove, são inocentes. Não podem ter restrição do seu papel como senadores”, afirmou.

Questionada sobre o assunto, Gleisi negou envolvimento no esquema e disse que não vai paralisar sua “vida parlamentar” caso ela seja investigada no STF.

“Não conheço essas pessoas envolvidas que falaram sobre minha campanha. Se eles quiserem fazer uma investigação, porque fui citada, eu tenho a oportunidade de ter acesso (aos depoimentos nos quais ela pode ter sido citada) e me defender. Não posso parar minha vida parlamentar porque alguém falou que eu recebi dinheiro de alguém”, afirmou.

O senador Delcídio Amaral também negou sua participação no esquema de desvio de recursos da Petrobras e disse que qualquer análise sobre sua atuação como presidente da Comissão de Assuntos Econômicos seria precipitada.

“Já disse repetidas vezes que não tenho qualquer envolvimento com esse esquema (...)Não adianta fazer qualquer juízo de valor. Não se sabe o que efetivamente existe (contra Delcídio Amaral) e não se sabe que tipo de providência seria tomada (pela PGR)”, afirmou.

Comissões

Os nomes de pelo menos sete dos onze presidentes das comissões permanentes do Senado já foram definidos. Aloysio Nunes (PSDB-SP) comandará a Comissão de Relações Exteriores. Romário (PSB-RJ) presidirá a Comissão de Educação Cultura e Esporte e Otto Alencar (PSD-BA) comandará a comissão de Meio Ambiente. Ana Amélia (PP-RS) será a presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, enquanto Davi Alcolumbre (DEM-AP) ficará com a presidência da Comissão de Desenvolvimento Regional. Paulo Paim (PT-RS) comandará a Comissão de Direitos Humanos e Cristóvam Buarque (PDT-DF), a de Ciência e Tecnologia.

Os presidentes das demais comissões deverão ser definidos na próxima terça-feira (3).