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Para garantir Comissão de Direitos Humanos, PT negocia com Feliciano para vice

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

11/03/2015 16h55

O PT costura acordo com membros da bancada evangélica para garantir a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados que pode trazer o deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP) de novo a um cargo de comando no colegiado. 

A vaga de presidente é do PT por acordo entre os líderes, mas desde a semana passada a bancada evangélica vem se articulando para lançar um candidato alternativo. Para solucionar o impasse, a bancada evangélica deve retirar a candidatura avulsa, mas garantir uma vaga de primeiro vice-presidente a Feliciano. Ele presidiu o colegiado em 2013.

Segundo membros da comissão, outra vice-presidência seria ocupada pelo deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), único gay assumido do Congresso Nacional.

Além de Wyllys, a deputada evangélica Rosângela Gomes (PRB-RJ) é uma das cotadas para ocupar a terceira vaga de vice-presidente.

Eleição adiada

O PT escolheu o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) para a vaga de presidente. Mas, na semana passada, o deputado Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ) apresentou candidatura avulsa e a reunião foi encerrada sem uma escolher quem vai comandar o grupo. Um deputado do PT ouvido pelo UOL afirmou que a bancada evangélica tem 13 dos 18 votos da comissão, por isso o partido precisa chegar a um acordo com eles.

A eleição estava prevista para acontecer nesta quarta-feira (11), mas a reunião foi suspensa porque está ocorrendo a sessão do Congresso. Seria a segunda tentativa do PT de eleger Pimenta.  

Durante a semana, para tentar fazer o acordo valer, o PSD colocou Sóstenes, que havia apresentado candidatura avulsa na suplência da comissão, o que, pelo Regimento da Câmara, o impede de concorrer à presidência do colegiado. Mas a bancada ainda se articula para lançar outro nome, o que fez o PT tentar o acordo.

Sóstenes é apadrinhado político do pastor Silas Malafaia e está em seu primeiro mandato como deputado federal. O parlamnetar é pastor da Assembleia de Deus de Jacarepaguá, bairro do Rio de Janeiro.

Gestão Feliciano

Em 2013, a eleição para presidente também foi polêmica. Na ocasião, o deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP) foi eleito presidente e gerou protestos de diversas entidades da sociedade por defender pautas consideradas homofóbicas.

No comando da comissão, Feliciano defendeu uma proposta conhecida como "cura gay", um projeto de lei que pretende derrubar trechos de uma resolução do CFP (Conselho Federal de Psicologia) que proibia que psicólogos ofereçam tratamento para a cura da homossexualidade, como se ela fosse uma doença. O texto acabou arquivado.

O deputado também defendeu a convocação de plebiscito para consultar a população sobre a realização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, e a suspensão da resolução do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) que abriu caminho para o casamento gay.