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Após declaração polêmica, Dilma diz que Levy foi "mal interpretado"

Do UOL, em Brasília

30/03/2015 14h18

A presidente Dilma Rousseff disse, nesta segunda-feira (30), que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi “mal interpretado” em relação à declaração dada na semana passada na qual ele afirmou que a presidente nem sempre agia da forma “mais efetiva”.

"Tenho discernimento, tenho clareza de que ele foi mal interpretado", afirmou a presidente durante entrevista coletiva realizada em Capanema, no interior do Pará.

A declaração de Dilma aconteceu dois dias depois de um trecho de uma conversa entre Levy e alunos da Universidade de Chicago, onde Levy estudou, ter se tornado público.

Durante a conversa, ocorrida na última terça-feira (24) e divulgada no último sábado (28) pelo jornal "Folha de S. Paulo", Levy disse: “Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais fácil... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno”.

No Pará, Dilma disse que Levy teria ficado triste com a forma como a declaração foi usada. “Ele ficou bastante triste com isso. Ficou sim, senhora”, disse Dilma. O próprio ministro afirmou que frase foi tirada de contexto.

Esta não foi a primeira vez que Levy fez declarações polêmicas em relação à condução da política econômica no governo Dilma e coube ao ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, manifestar a Levy a insatisfação da presidente Dilma com relação à declaração.

Em fevereiro, ao comentar a política de desoneração da folha de pagamentos implantada pelo governo em anos anteriores, Levy disse que as medidas foram aplicadas de modo "grosseiro". “Você aplicou um negócio que era muito grosseiro. Essa brincadeira nos custa R$ 25 bilhões ao ano”, disse.

Em janeiro, em entrevista ao jornal “Financial Times”, Levy classificou o programa de seguro-desemprego brasileiro como “completamente atrasado”. Durante a campanha à reeleição, Dilma defendeu  o programa e disse que não haveria cortes em benefícios sociais e trabalhistas.

Ironicamente, uma das principais medidas do ajuste fiscal que o governo federal tenta implementar em 2015 trata-se de um pacote que restringe o acesso a benefícios como seguro-desemprego.

Reformas

No Pará, Dilma disse ainda que fará reformas depois de as medidas do ajuste fiscal serem aprovadas pelo Congresso. “Depois dos ajustes, faço várias reformas. Antes dos ajustes, eu não farei (...) Tem várias reformas que temos de fazer depois dos ajustes”, afirmou a presidente sem especificar a quais reformas ela se referia.

Atrasos

A presidente também negou que o governo federal esteja atrasando o pagamento de obras públicas. Na última quinta-feira (26), levantamento feito pelo UOL com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados com Carteira Assinada) apontou que 250 mil vagas na construção civil foram cortadas nos últimos cinco meses.

Entre as razões apontadas por sindicatos ligados ao setor estão os atrasos nos pagamentos do governo federal.

“Não é verdade (que haja atrasos). As obras do governo federal estão sendo pagas criteriosamente, respeitando a ordem. Sendo pagas criteriosamente”, disse a presidente. 

O governo vem encontrando dificuldades em aprovar no Congresso os textos das medidas provisórias que contém as medidas do ajuste fiscal. Parlamentares de oposição e de partidos da base aliada já se manifestaram contra as medidas.