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Com popularidade em baixa, produtos com imagens de Dilma encalham

Caneca com o slogan "Coração Valente", mote da sua campanha, sai por R$ 25 - Leandro Prazeres/UOL
Caneca com o slogan "Coração Valente", mote da sua campanha, sai por R$ 25 Imagem: Leandro Prazeres/UOL

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

12/08/2015 13h25

A crise vivida pela presidente Dilma Rousseff (PT) está afetando também a venda de produtos com sua imagem estampada. Segundo representantes do PT do Distrito Federal, pelo menos 2.000 camisetas de um total de 11 mil que foram fabricadas em setembro do ano passado para as eleições presidenciais ainda não foram vendidas.

Para pagar as dívidas feitas com fornecedores, ao menos um carregamento de camisetas foi enviado ao Equador.

Na entrada do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, o coordenador da setorial LGBT do PT do DF, Henrique Elias, tentava, na noite da última terça-feira (11), vender um lote de 450 camisetas e dezenas de canecas com estampas estilizadas e ilustradas com o rosto da presidente.

As possíveis clientes eram milhares de mulheres que participaram da 5ª Marcha das Margaridas, evento que reúne militantes de movimentos ligados a trabalhadoras do campo.

Camisetas de vários tamanhos e cores são vendidas a R$ 20. As canecas, com a imagem de Dilma e o slogan  “Coração Valente”, mote da sua campanha à reeleição, sai por R$ 25. Isso, se não houver pechincha. 

As camisetas, conta Henrique, foram fabricadas em diversos tamanhos e cores e um dos destaques é a palavra “Petralhando”, no canto inferior direito da maioria delas. A ideia é que metade do valor arrecadado pela venda dos produtos seja direcionado ao diretório estadual do PT do DF e a outra metade vá para o pagamento dos fornecedores.

Tem gente com medo de assumir que é petista, diz Henrique Elias - Leandro Prazeres/UOL - Leandro Prazeres/UOL
Tem gente com medo de assumir que é petista, diz Henrique Elias
Imagem: Leandro Prazeres/UOL

“A gente não conseguiu vender tudo na época das eleições e nem durante a posse. Agora, estamos tentando vender o que sobrou em eventos como esse [Marcha das Margaridas]. Ainda estamos devendo pra eles [fornecedores]. Não sei estimar quanto, mas a gente está pagando na medida em que vendemos”, diz Henrique.

A Marcha das Margaridas, realizado pela Contag (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura), tem ligação histórica com o PT e com os movimentos sociais. O evento, que neste ano teve o patrocínio da estatal Itaipu Binacional e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), se transformou em um ato de apoio à presidente Dilma.

O petista não sabe informar o que levou ao “encalhe” dos "produtos-Dilma", mas ele aponta a polarização política vivida pelo país como uma das razões. “Tem gente que é petista em casa, apoia a Dilma, mas que tem medo de sair de casa e se assumir como petista por conta do que sai na imprensa. O clima está muito tenso”, diz.

Na semana passada, o instituto Datafolha divulgou uma pesquisa que apontou uma taxa de reprovação à Dilma  de 71%, maior que a registrada em 1992, no auge da crise que levou ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo (PTB-AL).

A estudante de psicologia Uélia Lima dos Passos, 22, que viajou de Maceió a Brasília para participar da Marcha das Margaridas, diz não ter medo de se assumir como petista e comprou uma camiseta com a estampa relacionada ao movimento feminista.

Ela concorda com a tese de que algumas pessoas tenham medo de se assumir como apoiadoras de Dilma, mas destaca outro motivo para a queda nas vendas: as revelações da operação Lava Jato, que investiga irregularidades cometidas em contratos da Petrobras com empreiteiras.

“Eu comprei porque queria demonstrar meu apoio a ela. Mas conheço gente que apoiava o PT e a Dilma e que deixou de apoiar depois das notícias da Lava Jato”, afirmou a estudante.

Para tentar contornar as fracas vendas em território nacional, o diretório do PT em Brasília enviou nesta semana, segundo Henrique, um lote de 450 camisetas para o Equador. Elas teriam sido compradas para serem distribuídas durante um evento político que reúne jovens sul-americanos.