PF já tinha respostas de perguntas feitas a Lula, diz defesa do ex-presidente
O advogado de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Cristiano Zanin, afirmou nesta sexta-feira (4) que a Operação Lava Jato já tinha as respostas do ex-presidente sobre as perguntas que foram levantadas no depoimento concedido à Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Segundo ele, "não havia nenhuma pegunta nova a ser feita".
Lula foi levado em condução coercitiva, quando o investigado é obrigado a depor, ação que foi criticada pelo ex-presidente e também pelo advogado. Os dois falaram à imprensa no diretório nacional do PT, no centro de São Paulo.
"O objeto das perguntas feitas hoje, que motivou a condução coercitiva, consiste em perguntas já feitas e respondidas pelo ex-presidente em outros depoimentos que ele prestou. Não havia nenhuma pergunta nova a ser feita", afirmou Zanin "Tanto que o próprio delegado federal que colheu o depoimento disse muitas vezes: 'eu já sei que o senhor respondeu isso, mas tenho que perguntar mesmo assim'. Então, todos os fatos já foram esclarecidos."
Segundo o advogado, e a ação do Ministério Público Federal passou por cima do Supremo Tribunal Federal, que julgaria, a pedido da defesa de Lula, se a investigação é de competência do MPF ou do Ministério Público Estadual de São Paulo.
"Essa medida de força ocorreu antes que o Supremo tenha proferido uma decisão. E todos sabiam, porque nossa ação foi noticiada em todos os veículos de imprensa e era do conhecimento tanto do MPF quanto do MPE. Mas a despeito disso foi proferida esta decisão da condução coercitiva. Eu entendo isso como uma afronta ao próprio STF, que foi surpreendido por uma decisão antes mesmo de dizer de quem era competência para fazer as investigações", afirmou Zanin.
O advogado também condenou a justificativa de que a condução coercitiva ocorreu por causa do risco de manifestações, como alegou o procurador da República Carlos Fernando Lima ao justificar o procedimento. "Esse é um fundamento tão raso que tenho certeza que qualquer cidadão preferiria ter sua segurança em risco do que ser levado em condução coercitiva", disse o advogado, afirmando que a ação viola o processo legal e a dignidade do ex-presidente.
"Vantagens indevidas"
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato, foi ouvido nesta sexta-feira (4) por cerca de quatro horas pela Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo. Lula foi alvo de mandado de busca e apreensão e de condução coercitiva.
Segundo o Ministério Público Federal, Lula e seu instituto receberam R$ 30 milhões, entre 2011 e 2014, de empreiteiras investigadas no esquema de corrupção na Petrobras.
De acordo com a Procuradoria, o ex-presidente e seus familiares receberam "vantagens indevidas" das empreiteiras, entre elas pagamentos de benfeitorias no tríplex no Guarujá (SP) e no sítio em Atibaia (SP). Procuradores dizem acreditar que os imóveis são do ex-presidente, que nega ser o proprietário.
Além de Lula, sua família e pessoas próximas também são alvos da nova fase da Operação Lava. Entre os investigados estão a mulher de Lula, Marisa, os filhos Marcos Cláudio, Fábio Luis e Sandro Luis e a nora Marlene Araújo. Na lista de alvos também estão os empresários Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna Filho (que dizem ser os donos do sítio em Atibaia), assim como Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula. Entre as empresas estão a empreiteira OAS e a Gamecorp --de Fabio Luis.
Cerca de 200 agentes da PF e 30 auditores da Receita Federal cumprem, ao todo, 44 mandados judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia no âmbito da nova fase da Operação Lava Jato.
Em nota o Instituto Lula chama de "violência" a e usa a expressão "nada justifica" em cinco situações para criticar a atitude da força-tarefa.
A força-tarefa negou ligação da operação de hoje e o vazamento de partes do acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), divulgadas ontem pela revista "IstoÉ".
O parlamentar teria afirmado, segundo a revista, que Lula mandou comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras. O procurador disse que os vazamentos "dificultam as investigações".
A deflagração da operação gerou confusão entre manifestantes a favor e contra o ex-presidente tanto em frente à sua residência, em São Bernardo, onde ele se encontrava, como em Congonhas.
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