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Em nota, Moro defende ação contra Lula, mas diz que 'não antecipa culpa'

Nelson Antoine/Frame/Estadão Conteúdo
Imagem: Nelson Antoine/Frame/Estadão Conteúdo

Do UOL, em Brasília

05/03/2016 12h21

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, divulgou uma nota oficial neste sábado (5) em que defende a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ocorrida na última sexta-feira (4), mas diz que a medida não significa uma “antecipação de culpa”. Após a deflagração da 24ª fase da Lava Jato, na última sexta-feira, Moro foi duramente criticado por Lula, militantes do PT e até pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello.

A nota começa com Moro justificando as medidas autorizadas por ele e solicitadas pelo MPF (Ministério Público Federal). “Essas medidas investigatórias visam apenas o esclarecimento da verdade e não significam antecipação de culpa do ex-presidente. Cuidados foram tomados para preservar, durante a diligência, a imagem do ex-presidente”, disse Moro.

O juiz federal disse lamentar os episódios de manifestações e confrontos ocorridos ao longo de toda a sexta-feira após o ex-presidente Lula ter sido conduzido pela PF ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde ele prestou depoimento. 

“Lamenta-se que as diligências tenham levado a pontuais confrontos em manifestação políticas inflamadas, com agressões a inocentes, exatamente o que se pretendia evitar”, continua a nota. 

Ainda de acordo com a nota, Sérgio Moro criticou atos de violência registrados sobretudo em São Paulo, após a deflagração da operação contra Lula.

“Repudia este julgador, sem prejuízo da liberdade de expressão e de manifestação política, atos de violência de qualquer natureza, origem e direcionamento, bem como a incitação à prática de violência, ofensas ou ameaças a quem quer que seja, a investigados, a partidos políticos, a instituições constituídas ou a qualquer pessoa”, disse Moro.

A condução coercitiva contra o ex-presidente Lula foi alvo de críticas de apoiadores do ex-presidente, cientistas políticos, juristas e do ministro do STF Marco Aurélio Mello. Para o ministro, a medida foi desnecessária porque Lula não havia sido intimado a depor. “Só se conduz coercitivamente, ou como se dizia antigamente, debaixo de vara, o cidadão que resiste e não comparece para depor. E o Lula não foi intimado”, afirmou ao jornal "Folha de S.Paulo".

De acordo com a coordenação da Operação Lava Jato, a condução coercitiva de Lula foi uma medida tomada para, entre outras coisas, evitar a ocorrência de manifestações e confrontos entre militantes pró e contra Lula.

“Será que ele [Lula] queria essa proteção?”, indagou Marco Aurélio Mello.

Em pronunciamento na sede do PT em São Paulo, logo após prestar depoimento, Lula também criticou o mandado expedido por Sérgio Moro. “Não precisava levar uma coerção à minha casa, dos meus filhos. Não precisava. Era só ter me comunicado”, disse Lula que classificou a ação como “um show de pirotecnia”. 

A maioria dos cientistas políticos e juristas ouvidos pelo UOL também achou que a medida foi “desnecessária”.

Apesar das críticas, a atuação de Moro foi apoiada por entidades ligadas ao Judiciário. Em nota, a ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) e a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) negaram o suposto viés político da Operação Lava Jato.

"Um sistema de Justiça isento e imparcial permanece sereno, equidistante e austero na aplicação igual da lei penal a toda espécie de infratores, e é o que vem acontecendo em nosso país", diz a nota da ANPR assinada pelo presidente da entidade, José Robalinho Cavalcanti. 

Como a Lava Jato chegou a Lula

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