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Lula movimentará "rede violenta" se não for preso, dizem os promotores

Para o Ministério Público, Lula manobrou para fugir da investigação - Marcelo Machado de Melo/Reuters
Para o Ministério Público, Lula manobrou para fugir da investigação Imagem: Marcelo Machado de Melo/Reuters

Flávio Costa

Do UOL, em São Paulo

10/03/2016 18h41Atualizada em 15/03/2016 16h03

Os promotores Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo afirmam que a prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "imprescindível", pois concluem que ele movimentará "toda a sua rede violenta de apoio para evitar que o processo crime que se inicia com a presente denúncia não tenha seu curso natural, com probabilidade evidente de ameaças a vitimas e testemunhas e prejuízo na produção das demais provas do caso, impedindo mesmo o acesso no ambiente forense, intimidando-as a tanto".

A afirmação consta nas justificativas para o pedido de prisão preventiva de Lula, denunciado pelos crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica no caso do tríplex do Guarujá.

O caso será analisado pela juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal de São Paulo, que ainda não tem prazo para fazê-lo.

Os promotores citam matérias de jornais e a conduta do ex-presidente, após ser obrigado a depor a Polícia Federal no âmbito da Lava Jato, para afirmar que Lula "sempre buscou manobras para evitar que a investigação criminal do Ministério Público avançasse".

"As atuais condutas do denunciado Luiz Inácio Lula da Silva, que outrora chegou a emocionar o país ao tomar posse como Presidente da República em janeiro de 2003 (“o primeiro torneiro mecânico” a fazê-lo de forma honrosa e democrática), certamente deixariam Marx e Hegel (sic) envergonhados," afirmam, em seu pedido de prisão preventiva do ex-presidente, os promotores.

É provável que os promotores tenham confundido os nomes dos pensadores alemães. Ao invés de filósofo Friedrich Hegel, que viveu entre 1770 e 1831, eles deveriam estar se referindo a Friedrich Engels (1820-1895), contemporâneo de Karl Marx (1818-1883) e apoiador das ideias do autor do clássico "O Capital".

O documento cita o também alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), lembrando da sua teoria do "super-homem".

Ainda como justificativa para a prisão, o trio de promotores paulistas afirma que Lula  "protagonizou verdadeiro ataque às instituições do Sistema de Justiça, fato ocorrido em vídeo gravado pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ)".  Nele, o ex-presidente queixa-se, irritado, ao telefone:"Eles que enfiem no c... todo o processo!". 

Outro Lado

O advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins, afirmou, em nota divulgada na noite desta quinta-feira (10), que o pedido de prisão preventiva do Ministério Público de São Paulo busca "amordaçar um líder político, impedir a manifestação do seu pensamento e até mesmo o exercício de seus direitos. Somente na ditadura, quando foram suspensas todas as garantias do cidadão, é que opinião e o exercício de direitos eram causa para a privação da liberdade."

A deputada federal Jandira Ferghalli (PCdoB-RJ) enviou nota ao UOL, na tarde de terça-feira (15), em que afirma que o pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula "não tem qualquer base legal que o sustente. Não passa de um amontoado de inconsistências coroadas pelo item 127, que trata de vídeo por mim gravado."

Sobre o vídeo citado no pedido dos promotores, a deputada afirma que "o ex-presidente Lula não dava, naquele momento, declaração a mim. Eu gravava um vídeo que captou Lula, ao fundo, conversando e sem saber que a imagem e áudio estavam sendo captados." Jandira acrescenta ainda que " Lula usou uma expressão informal em sua conversa. E, para constar, o ex-presidente Lula não se referiu ao processo, mas sim ao acervo presidencial."

A nota se encerra afirmando que "a democracia também se faz com um Poder Judiciário forte e comprometido. A parcialidade não combina com a história de nossa justiça."
 

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