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Trabalhador pagará "verdadeiro pato", diz Dilma sobre mudanças na Previdência

Dilma e Gabas conversaram sobre Previdência Social nesta sexta-feira (20). Para a presidente afastada, o plano de Temer prejudicará os trabalhadores - Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma e Gabas conversaram sobre Previdência Social nesta sexta-feira (20). Para a presidente afastada, o plano de Temer prejudicará os trabalhadores Imagem: Roberto Stuckert Filho/PR

Do UOL, no Rio

20/05/2016 12h32

A presidente afastada, Dilma Rousseff, alvo de processo de impeachment no Senado, participou de um bate-papo com o ex-ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, em sua página no Facebook, nesta sexta-feira (20). Em resposta a internautas, a petista disse que as mudanças propostas pelo governo do presidente interino, Michel Temer (PMDB), farão com que os trabalhadores paguem o "verdadeiro pato".

Dilma citou como exemplo a hipótese de idade mínima de 65 anos para aposentadora de homens e mulheres. Desde que assumiu a Presidência, Temer e equipe discutem medidas para uma reforma das regras da Previdência. Na quarta-feira (18), um grupo de trabalho formado pelo Executivo e por algumas centrais sindicais fizeram a primeira reunião para discutir o tema.

"Tenho escutado que querem alterar as regras para os atuais segurados da Previdência Social. Você já imaginou o que significa impor, de imediato, uma idade mínima de 65 anos para homens e mulheres, indistintamente? Quem vai pagar essa conta é você, trabalhador! Esse é o verdadeiro pato!", escreveu Dilma.

Pato é o símbolo utilizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) na campanha contra o aumento de impostos "Não vou pagar o pato".

A possibilidade de o governo criar regra de idade mínima de 65 anos, que valeria para ambos os sexos, foi comentada pelo novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Historicamente, as mulheres sempre se aposentaram anos mais cedo. "Isso aí nós estamos estudando ainda. A maior parte dos países está caminhando para isso", disse ele, em entrevista ao SBT, na quarta.

O ministro também questionou o conceito de direito adquirido e defendeu que a reforma inclua os trabalhadores atuais que ainda não contribuíram por 35 anos.

Dilma disse ainda acreditar que "o desmonte da Previdência certamente vai dificultar muito o acesso da população aos serviços que ela presta e, portanto, aos seus direitos". "Por exemplo, não se sabe até agora o que acontecerá com as agências de atendimento da Previdência Social, que nós modernizamos para ampliar os serviços ao longo dos últimos anos, pois o ministro provisório disse que as agências são grandes espaços ociosos."

Regras atuais

Atualmente, o trabalhador que se aposenta na modalidade por idade precisa ter no mínimo 60 anos, se for mulher, ou 65, se for homem. Mas outras modalidades de aposentadoria não estabelecem idade mínima. A fórmula 85/95, por exemplo, soma idade e tempo de contribuição. A reforma proporia criar uma idade mínima também para as outras modalidades.

Meirelles disse que em países com perspectiva de vida mais longa, a idade mínima para aposentadoria chega a ser de 67 anos.  "Mas 65 anos normalmente é a norma para a qual estão caminhando a maioria dos países. Aparentemente é a norma para o Brasil, também". Ele frisou que é o que ele pensa, mas não há definições ainda.