"Não há prova material", diz Marina Silva sobre acusações de usar caixa 2
A ex-senadora Marina Silva, porta-voz nacional da Rede Sustentabilidade, voltou a negar nesta segunda-feira (20), no programa "Roda Viva", da TV Cultura, que tenha recebido recurso oriundo de caixa dois para a sua campanha a presidente da República em 2010. "Não se tem a materialização dessa história. Uma acusação que é uma injustiça muito grande, minha campanha não tem um centavo de caixa dois", afirmou.
Marina disse ter tomado a "decisão de dar todas as explicações que a sociedade precisa ao apostar no trabalho da polícia, do Ministério Público". Ela teria sido citada como beneficiária pelo ex-presidente da OAS Léo Pinheiro no âmbito das investigações da Operação Lava Jato. A líder da Rede classificou a acusação de "uma agressão sem tamanho".
Novas eleições
Marina defendeu no "Roda Viva" a convocação de novas eleições, por meio da cassação da chapa Dilma Rousseff (PT)-Michel Temer (PMDB) pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Para ela, o impeachment não tem o poder de apaziguar o país: "Ele alcança a legalidade, porque não é golpe, mas não alcança uma solução, uma finalidade", afirmou. Marina justificou seu pensamento dizendo que PT e PMDB praticaram juntos os atos que conduziram o país à condição difícil atual.
Marina disse que o TSE tem a chance de "devolver aos 200 milhões de brasileiros a possibilidade de repactuar a sociedade". Afirmando que não sabe se será candidata pela terceira vez à Presidência, frisou a necessidade da participação popular: "O Brasil não precisa de plano de fuga, mas de voo traçado pelos brasileiros". Apontou também como problema o fato de passarmos de um atalho para o outro, de soluções provisórias, e que esses atalhos estão "nos levando para o abismo".
Para ela, o mais importante agora é debater o país: "Estamos nessa situação porque as pessoas só pensam na eleição".
Sobre o governo do presidente interino Michel Temer, ela foi menos contundente: "Parece que o governo interino convive com uma contradição do lado econômico e político. A gente tem uma equipe econômica tentando governar e o presidente Temer tentando se explicar na grave crise política que estamos vivendo."
Falta de projetos de país
Ex-integrante do PT e ex-ministra de Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-senadora evitou criticar diretamente o líder petista, quando questionada, mas descreveu uma situação geral experimentada hoje pelas lideranças políticas, da qual Lula faria parte: estariam todas mais preocupadas com projetos de poder do que com projetos de país. "Isso tem a ver com muitos dos resultados que lideranças estão amargando". Falou dos planos explicitados pelo PSDB, à época dos governos de Fernando Henrique Cardoso, e pelo PT de ficarem por pelo menos 20 anos no poder.'
Ela falou também sobre o tamanho adequado do Estado brasileiro, dizendo que não deve ser nem mínimo, nem máximo, mas "o Estado necessário". Marina defendeu a profissionalização do Estado.
"A primeira coisa que o Brasil precisa é cortar a ineficiência". E citou que há programas que não têm avaliação nem análise de desempenho e ainda relativizou o fato de ter mais ou menos verba para a saúde e a educação como a única solução para as áreas, reafirmando a necessidade de melhorar a eficiência do Estado", afirmou.
Marina disse ainda que é a favor da reforma da Previdência: "É hora de discutir, sim". Segundo ela, é preciso fazer o debate de forma aprofundada, mas "os direitos que já existem precisam ser preservados".
Trajetória
Marina Silva é a líder principal da Rede Sustentabilidade, partido cujo registro definitivo foi concedido em setembro de 2015.
Ela começou sua carreira política no PT, no Estado natal dela, o Acre. Foi eleita senadora, aos 36 anos, e tornou-se ministra do Meio Ambiente da Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, ficando no cargo entre 2003 e 2008.
Em agosto de 2009, anunciou sua saída do PT, depois de mais de 20 anos de filiação, dizendo ir "em busca do sonho" de trabalhar mais pela causa da sustentabilidade.
Foi candidata duas vezes à Presidência da República e em ambas ficou com a terceira colocação: em 2010, pelo PV, recebeu 19 milhões de votos; em 2014, pelo PSB, obteve 22 milhões de votos.
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