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Senadores citam "fair play" e medalhas em batalha do impeachment

Judoca Rafaela Silva mostra medalha de ouro - Geraldo Bubniak/AGB  - Geraldo Bubniak/AGB
Imagem: Geraldo Bubniak/AGB

Do UOL, em Brasília

09/08/2016 21h53Atualizada em 09/08/2016 22h43

"Fair play", protestos contra o presidente interino, Michel Temer, e até a primeira medalha de ouro do Brasil conquistada pela judoca Rafaela Silva. As Olimpíadas do Rio de Janeiro foram citadas como argumento por senadores em seus discursos nesta terça-feira (9), sejam a favor ou contra o prosseguimento do processo impeachment de Dilma Rousseff.

Favorável ao afastamento definitivo de Dilma, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) usou pela manhã a expressão esportiva "fair play" para criticar petistas. A expressão esportiva significa "jogo limpo" em inglês. Para o tucano, o PT apresentou diversas questões de ordem para atrasar a sessão do Senado que decide se a presidente afastada irá se tornar ré no processo de impedimento. "Falta aos dilmistas e aos petistas, nesta época de Olimpíada, fair play, para compreender que atrasar esse julgamento é um desserviço ao Brasil", disse o tucano.

Em seu discurso ao plenário, durante a tarde, a senadora Ana Amélia (PP-RS) também citou os jogos da Rio-2016. "Hoje, senhoras e senhores, o Brasil está, ao mesmo tempo, de olho no desempenho dos nossos atletas na Olimpíada do Rio de Janeiro e no comportamento dos senadores e das senadoras, na hora de deliberar aqui sobre se votamos a favor ou contra o parecer do senador Antonio Anastasia, favorável à denúncia apresentada pelos nossos respeitados e renomados juristas," disse a senadora gaúcha, também favorável ao impedimento da presidente afastada.

Logo após o fim dos discursos, por volta das 22h40, Ana Amélia voltou a citar a Olimpíada para criticar senadores pró-Dilma que propuseram a interrupção da sessão e a voltam dos trabalhos na quarta-feira pela manhã. "Espero que aqui não esteja tentando uma disputa [como] numa Olimpíada, que quando uma equipe está ganhando a outra chama um tempo para o desaquecimento do adversário." 

"Fora, Temer"

Já os senadores petistas preferiram citar em seus discursos os protestos nas arenas olímpicas contra o presidente interino, Michel Temer: "Hoje é um dia triste, porque a repressão começa a voltar. Está aí no próprio processo das Olimpíadas a repressão: apagar das manchetes dos jornais. Não poder anunciar "Fora, Temer" nos jornais, demonstrando um prenúncio de que o Brasil está sob ameaça de viver outra vez sob um governo autoritário", afirmou o senador Paulo Rocha (PT-PA).

A mesma linha de argumentação foi utilizada pelo colega de partido Lindbergh Farias (RJ). "Nos preocupa muito a criminalização dos movimentos sociais, a prisão de um líder do MST de Goiás pela lei antiterrorista. Nos preocupa muito a repressão a quem coloca faixa de 'fora, Temer' nos jogos olímpicos."

Na segunda-feira (8), juiz federal substituto João Augusto Carneiro Araújo, da 12ª Vara Federal do Rio de Janeiro, deu uma decisão liminar (provisória) liberando manifestações políticas "pacíficas" durante a Olimpíada, proibindo a repressão e retirada de manifestantes.

Por sua vez, o senador Humberto Costa (PT-PE) especulou sobre a reação de turistas ao se depararem sobre um suposto pedido de doação ilegal feito pelo presidente interino a executivos da Odebrecht, empreiteira investigada pela Operação Lava Jato. "Eu imagino um turistas desses que veio agora para a Olimpíada abrir o jornal e ver lá: "Temer pediu 10 milhões. Fulano ganhou não sei quanto". E a presidenta que não pediu 10 milhões, que não tem conta no exterior, que não foi corrompida nem corrompeu ninguém, está sendo tirada do poder. "

Rafaela Silva

Já a judoca Rafaela Silva, primeira medalhista de ouro do Brasil na Rio-2016, foi citada pelo senador Jorge Viana (PT-AC) como exemplo de políticas sociais dos governos Lula e Dilma. "Eles [opositores a Dilma] não aceitam que as Martas, vencedoras nas Olimpíadas; que as Rafaelas, medalhistas de ouro, possam ser a referência deste país. Porque, para eles, favelado não é vencedor; para eles, pobre é vergonha!", disse Viana. "Agora, ainda ontem, o Brasil celebrava a primeira medalha de ouro, de uma menina nascida na Cidade de Deus, que, na década de 60, foi usada como um depósito para favelados no nosso país. Ela, que viveu o preconceito; ela, que viveu todo tipo o de abandono, trouxe a primeira medalha de ouro para o nosso país."