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Análise: Cunha é primeiro peixe grande que a Lava Jato prende fora do PT

Pedro Ladeira/Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Maria Júlia Marques

Do UOL, em São Paulo

19/10/2016 20h37

A prisão do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) nesta quarta-feira (19), autorizada pelo juiz federal Sergio Moro, pode ficar marcada como a primeira grande ação da Operação Lava Jato que não envolveu o PT.

Não sabemos se Moro quis mostrar que também afetaria outros partidos depois do PT ter sido alvo principal de prisões da operação. Mas foi uma grande prisão e mostra que vão buscar 'peixes grandes' de outros partidos"

David Fleischer, cientista político e professor da UNB (Universidade de Brasília)

O professor afirma que aconteceram outras investigações importantes sem vínculo com o PT, como a recente denúncia de lavagem de dinheiro envolvendo o ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), mas que a de Cunha é representativa. 

"Pode ser um aviso ao PMDB, de que já existem outros políticos na mira de Sergio Moro. Cunha era o mais poderoso do partido, depois de Michel Temer. Antes da cassação era muito valioso e não escapou", diz  Fleischer.

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Segundo ele, o impacto das operações foi sentida pelo PT nas urnas: "É bom lembrar que o PT foi majoritariamente afetado pela Operação Lava Jato e pagou por isso nas urnas." 

Para o cientista político, o juiz Moro teve uma "boa sacada" para não levantar suspeitas sobre a data da prisão de Cunha. "Na terça-feira (18) foi divulgado que Moro marcou o interrogatório de Cláudia Cruz, mulher de Cunha, e nada sobre prisão foi mencionado", explica. "O ex-deputado deve ter voltado os esforços para auxiliar a mulher sem nem cogitar a prisão. O juiz conseguiu disfarçar muito bem".

Muitos políticos devem ficar nervosos até que os próximos passos do ex-deputado sejam divulgados e até que seja decidido de fato se ele irá ou não fazer delação premiada. Mas o presidente Michel Temer não deve ser um deles.

"Temer sempre foi muito cauteloso em sua relação com Cunha, sempre teve muito cuidado. Acredito que a distância entre eles após a cassação do ex-deputado garantiu que a imagem do presidente não seja vinculada com a prisão de Cunha."

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