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Moro cita risco de fuga ao exterior para prender Eduardo Cunha

Eduardo Cunha nega conta na Suíça e repete: ele tem um trust

UOL Notícias

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

19/10/2016 14h25Atualizada em 19/10/2016 16h36

O juiz federal Sergio Moro citou o risco de uma eventual fuga do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso nesta quarta-feira (19) pela Operação Lava Jato. Em seu despacho, Moro diz que como o rastreamento dos recursos financeiros de Cunha ainda não foi finalizado, haveria um “risco maior de fuga para o exterior”.

“Enquanto não houver rastreamento completo do dinheiro e a total identificação de sua localização atual, há um risco de dissipação do produto do crime, o que inviabilizará a sua recuperação. Enquanto não afastado o risco de dissipação do produto do crime, presente igualmente um risco maior de fuga ao exterior, uma vez que o acusado poderia se valer de recursos ilícitos ali mantidos para facilitar fuga e refúgio no exterior”, disse Moro em seu despacho, segundo trecho do documento divulgado pela Polícia Federal e pelo MPF (Ministério Público Federal) do Paraná.

A prisão de Cunha foi decidida por Moro após um pedido do MPF. No pedido de prisão, os procuradores da força-tarefa da Lava Jato citaram 10 motivos pelos quais Eduardo Cunha poderia representa um risco à instrução do processo.

Entre os motivos apresentados pela força-tarefa para justificar a prisão de Cunha estão medidas tomadas por ele quando ainda era parlamentar: requerimentos junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) e à  Câmara dos Deputados sobre a empresa Mitsui para, segundo a força-tarefa, forçar o lobista Júlio Camargo a lhe pagar propina; e contratação da empresa Kroll pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras para, também segundo a Lava Jato, diminuir a credibilidade de colaboradores da Operação Lava Jato.

A prisão de Cunha foi feita como parte do processo que o ex-deputado responde na Justiça Federal por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas referente à aquisição de um campo exploratório de petróleo no Benin, na África, pela Petrobras, em 2011.

A ordem de prisão foi expedida pelo juiz Sergio Moro na última terça-feira (18). Também foi decretado o bloqueio de bens de Cunha no valor de R$ 220.677.515,24.

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Cunha deixa plenário da Câmara após ter mandato cassado, em setembro
Imagem: ADRIANO MACHADO -12.set.2016 /Reuters

Outro lado

Uma das advogadas de Eduardo Cunha, Fernanda Tortima, disse que ainda está lendo os documentos que embasam o mandado de prisão contra o ex-deputado e que deverá se manifestar sobre o caso em breve.

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Outras denúncias contra Cunha

O deputado também é alvo de uma terceira denúncia criminal, que ainda não foi aceita pela Justiça. O caso foi encaminhado pelo ministro Teori Zavascki à Justiça Federal do Distrito Federal.

A denúncia acusa o peemedebista de participar de um esquema de propina ligado à liberação de recursos do FI-FGTS, fundo de investimentos do FGTS. A ação é baseada na delação do ex-vice-presidente da Caixa, Fábio Cleto, apontado como próximo a Cunha. Em nota divulgada à época da divulgação da denúncia, Cunha afirmou que não possui “operador” e não autorizou “ninguém a tratar qualquer coisa” em seu nome. 

Há ainda seis inquéritos em que Cunha é investigado suspeito de participação em casos de corrupção. O deputado nega as suspeitas e tem afirmado que vai provar sua inocência.

Um inquérito apura se ele recebeu R$ 52 milhões em propina do consórcio formado por Odebrecht, OAS e Carioca Christiani Nielsen Engenharia, que atuava na obra do Porto Maravilha, no Rio.

Outro inquérito investiga o deputado por suposto recebimento de propina da Furnas Centrais Hidrelétricas.

Cunha também é alvo de inquéritos que investigam o financiamento de diversos políticos por meio do petrolão, pela suposta venda de emendas parlamentares, pela apresentação de requerimentos para pressionar o banco Schahin e pelo suposto favorecimento à OAS em troca de doações eleitorais.

O peemedebista teve o mandato cassado em setembro.