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Renan critica 'abusos' do MP e diz não temer 'absolutamente nada'

Renan Calheiros concede entrevista no Senado na terça (13) - Jane de Araújo - 13.dez.2016/Agência Senado
Renan Calheiros concede entrevista no Senado na terça (13) Imagem: Jane de Araújo - 13.dez.2016/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

14/12/2016 23h27

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticou a atuação do MP (Ministério Público) e disse não temer "absolutamente nada" ao comentar, na noite desta quarta (14) em Brasília, a decisão do ministro do STF Teori Zavascki de devolver à PGR (Procuradoria-Geral da República) a denúncia contra o senador por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.

"Cada decisão que eles pedem contra senador, cada constrangimento, cada busca e apreensão que fazem com a cobertura da imprensa, isso precisa ser melhor observado", disse Renan. "De abuso em abuso como este, estão construindo uma névoa no país que não fará bem à nossa democracia."

Em uma cena pouco comum, Renan desceu do seu posto habitual, no centro da mesa do Senado, e ocupou a tribuna da Casa para se defender e atacar a atuação do MP. O presidente do Senado disse lamentar que o MP, em situações como esta, perca "a condição de ser o fiscal da lei".

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não esperou a conclusão do inquérito da Polícia Federal em Brasília para denunciar Renan na segunda (12). Diante disso, o ministro Teori, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, devolveu a denúncia a Janot para que ele complemente com as informações da investigação policial.

A iniciativa de Janot contradiz o próprio prazo solicitado pelo procurador-geral para a conclusão das investigações envolvendo Renan. No dia 24 de outubro, o procurador-geral pediu ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato na Corte, que o prazo das investigações fosse prorrogado por mais 60 dias para o cumprimento de diligências da Polícia Federal, o que foi acatado pelo ministro.

'Estou há nove anos sob devassa'

Em sua fala, Renan afirmou estar "há nove anos sob devassa intensa, sob investigação".  O presidente do Senado comentou o caso em que é réu por peculato (desvio de dinheiro público) no STF. A denúncia da PGR acusa Renan de ter desviado parte de sua verba parlamentar, a que todo senador tem direito para pagar por atividades do mandato, para pagar a pensão alimentícia de uma filha. O desvio teria ocorrido, segundo a denúncia, por meio da simulação do aluguel de carros para o gabinete do senador. Esta noite, Renan afirmou ter provado que a empresa existe e os serviços foram prestados.

"É esta denúncia que ensejou o pedido da Procuradoria e de um partido político [a Rede] do meu afastamento da Presidência do Senado porque réu não pode ficar na linha sucessória", disse. "Eu não temo absolutamente nada. A minha vida foi devassada e continua sendo devassada. Eu não tenho nenhum problema na minha vida pública e na minha vida pessoal."

Depois de sua fala, Renan foi cumprimentado pelo senador Fernando Collor (PTC-AL) e aplaudido por diversos colegas.