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São Paulo tem atos pró e contra condenação de Lula

Lula é condenado por corrupção; o que acontece agora?

UOL Notícias

Luís Adorno, Ricardo Marchesan e Luciana Amaral

Do UOL, em São Paulo e Brasília

12/07/2017 18h28Atualizada em 12/07/2017 23h05

Dois grupos se reuniram no final da tarde desta quarta-feira (12) na avenida Paulista, em São Paulo, para manifestações contra e a favor da sentença do juiz Sergio Moro, que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a nove anos e seis meses de prisão.

De um lado da avenida, no vão livre do Masp, cerca 200 pessoas, segundo a Polícia Militar, gritaram palavras de apoio a Lula e contrárias ao governo do presidente Michel Temer (PMDB) e ao juiz Sergio Moro. Os dois sentidos da via foram bloqueados.

Por volta das 19h, lideranças do PT se encontraram com militantes para prestar apoio a Lula. Em um carro de som, o presidente municipal da sigla, Paulo Fiorilo, convocou os manifestantes para um ato nesta quinta-feira (13), às 11h, em frente ao diretório do partido na capital.

Fiorilo ainda sugeriu o lançamento oficial da candidatura de Lula à presidência em 2018. "O que aconteceu hoje foi um ato político. Vamos responder com política, nas ruas", disse o dirigente em um carro de som.

Já Luiz Marinho, presidente estadual do partido, fez duras críticas à atuação de Sérgio Moro no caso – para ele, influenciada por questões políticas.

"Se Moro julgasse como juiz, iria julgá-lo inocente. Mas estávamos preparados para o que ele faria hoje. Ele tem sido um grande militante político. Sua única preocupação é tirar o presidente Lula das eleições presidenciais. E, se houver eleições ano que vem sem o Lula, é uma fraude", disse Marinho, indo além.

"Vai haver mobilização em todos os Estados para deixar claro ao juiz Sérgio Moro que o povo não concorda com essa decisão", prometeu, encerrando o ato pró-Lula pouco antes das 20h.

Um outro protesto, convocado pelo Movimento Vem Pra Rua e pelo grupo "Ativistas Independentes", se concentrou em frente ao prédio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na mesma região.

Cerca de 50 pessoas, segundo a PM, comemoraram a condenação de Lula com apitos, buzinas, fogos e cartazes de apoio à Lava Jato, além de bandeiras verde e amarelas. Alguns carros que passavam pela avenida buzinavam, em sinal de apoio.

Ao mesmo tempo em que militantes pró-Lula protestavam no Masp, manifestantes ocuparam três das quatro faixas do lado ímpar da avenida para festejar. O bancário Marcos Martins, 53 anos, chegou ao local com 50 panelas para distribuir a outros presentes.

“Minha expectativa é que o povo volte às ruas e consiga moralizar o país”, afirmou Martins, que diz ter visto “com temor” o fim do grupo de trabalho da Operação Lava Jato da Polícia Federal.

A preocupação, segundo ele, é que a operação se encerre. “O povo está aí para evitar isso”, acrescentou.

Por volta das 20h, enquanto parte dos manifestantes ia embora de metrô, houve um princípio de tumulto em frente à estação Trianon-Masp (linha verde). Um homem com um adesivo do PT tentou ultrapassar manifestantes contra Lula e houve discussão.

Os nervos se acirraram e houve empurra-empurra. Uma mulher afirma ter sido agredida com um soco no rosto pelo militante do PT. Policiais militares precisaram intervir e escoltaram o militante petista até a catraca. Spray de pimenta chegou a ser usado, mas não se sabe de onde partiu.

Após uma discussão de cerca de cinco minutos, com ânimos acirrados entre os dois grupos, formados por 7 pró-Lula e 20 contra Lula, a PM e a CET liberaram o trânsito na avenida Paulista nos dois sentidos. Manifestantes contra Lula foram para a ciclovia, enquanto os pró-Lula foram para uma calçada. Os dois lados passaram a trocar provocações. PMs munidos de armamento não letal acompanharam de perto, mas sem intervir.

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Manifestantes comemoram em frente ao prédio da Fiesp
Imagem: Marcelo Chello/CJPress/FolhaPress

Um ato a favor da Lava Jato também foi feito em Curitiba na tarde desta quarta.

Protesto Curitiba - Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo - Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo
Manifestantes que apoiam a Operação Lava Jato fazem ato em Curitiba
Imagem: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo

A aposentada Maria Cristina Rocha, 68, disse que recebeu a notícia da condenação de Lula pelo WhatsApp, então o grupo se organizou e foi à Paulista. O grupo levou fogos de artifício para o local.

"A gente vem comprando [fogos] já faz tempo, esperando esse momento", diz ela.

"Eu quero que ele [Lula] vá para cadeia e depois a Dilma", diz a aposentada.

Segundo o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, que organizou o ato pró-Lula em São Paulo, o ex-presidente não deve aparecer.

"Uma reunião vai acontecer esta noite entre os movimentos sociais para definirmos quais ações faremos nos próximos dias. Mas teremos ações", afirmou Boulos.

Brasília

Um grupo de cerca de 20 pessoas comemorou a decisão de Moro em frente ao Palácio do Planalto. Elas seguravam uma faixa com a frase "Lula na cadeia. Buzine" junto com uma bandeira do Brasil. O buzinaço de motoristas que apoiam a condenação podia ser ouvido de dentro da sede do Executivo.

O grupo ainda soltou fogos de artifício na praça dos Três Poderes e gritou palavras de ordem em defesa de Moro e da operação Lava Jato.

Belo Horizonte

Na praça da Liberdade, em Belo Horizonte, um ato com a presença de cerca de 30 pessoas convocado pelo Vem Pra Rua e MBL celebrou a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na noite desta quarta-feira (12). Um carro de som tocava o hino nacional, enquanto as pessoas gritavam palavras de ordem contra o PT e um cartaz neon projetava a frase "Lula na cadeia".