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Janot diz que ataques sofridos são o custo por enfrentar corrupção

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

14/09/2017 19h53Atualizada em 14/09/2017 20h33

No mesmo dia em que apresentou uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ter sofrido “toda sorte de ataques”, mas disse entender que as críticas representam o “custo” de se combater o “modelo político corrupto” do país.

A afirmação foi feita em breve discurso do procurador-geral no final da sessão do STF (Supremo Tribunal Federal) desta quinta-feira (14), a última de Janot no cargo de procurador-geral. Na segunda-feira (18), a sucessora de Janot, Raquel Dodge, toma posse como procuradora-geral da República.

Em sua manifestação, Janot fez uma espécie de balanço de seu mandato à frente da Procuradoria, iniciado em 2013. "Tenho sofrido nessa jornada, que não poucas vezes pareceu inglória, toda sorte de ataques”, disse

“Resigno a meu destino porque mesmo antes de começar sabia exatamente que haveria um custo por enfrentar esse modelo político corrupto e produtor de corrupção cimentado por anos de impunidade e de descaso”, afirmou. “As páginas da história hão certamente de contar com isenção e verdade o lado que cada um escolheu para travar sua batalha pessoal nesse processo", concluiu Janot.

A denúncia

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou nesta quinta-feira (14) ao STF (Supremo Tribunal Federal) uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), desta vez pelos crimes de organização criminosa e obstrução de justiça. A denúncia tem como bases principais as delações premiadas de executivos da JBS e do corretor de valores Lúcio Funaro, apontado como operador do PMDB.

Além de Temer, também são acusados de organização criminosa os ex-deputados Eduardo Cunha, Rodrigo Rocha Loures e Henrique Alves, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e os atuais ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, todos do PMDB. Eles teriam recebido R$ 587 milhões em propinas. Ainda foram denunciados os executivos da JBS, Joesley Batista e Ricardo Saud, esses por obstrução de justiça.

Segundo a denúncia, os sete integrantes do PMDB praticaram atos ilícitos em troca de propina dentro de vários órgãos públicos, entre eles Petrobras, Furnas, Caixa Econômica e Câmara dos Deputados. Temer é apontado na denúncia como líder da organização criminosa desde maio de 2016.

Para a Procuradoria, Temer também cometeu o crime de obstrução de justiça ao dar aval para que o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, comprasse o silêncio de Lucio Funaro. Ricardo Saud, executivo do grupo, ficaria encarregado de pagar valores à irmã do operador, Roberta Funaro.