Delator da Lava Jato do Rio acusa propina em "todas as obras" da prefeitura
O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio, Eduardo El Hage, afirmou nesta terça-feira (13) que o relato do delator que baseia as investigações da Operação Mãos à Obra, realizada hoje, indica "propina e pagamento de vantagens ilícitas" em todas as obras feitas pela Prefeitura do Rio no período em que Alexandre Pinto, preso nesta manhã, esteve à frente da Secretaria Municipal de Obras.
Pinto fez parte de toda a gestão do ex-prefeito Eduardo Paes (PMDB), entre 2009 e 2016. É a segunda vez que o ex-titular da pasta de Obras é preso na Lava Jato. Em agosto do ano passado, ele foi alvo da Operação Rio 40º.
"O relato que o colaborador nos fez é bem impactante e significativo. Ele simplesmente fala que todas as obras públicas feitas pela Prefeitura do Rio têm propina e têm pagamento de vantagens indevidas", disse o procurador do MPF (Ministério Público Federal).
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Questionado se o ex-prefeito estaria envolvido em esquemas de corrupção, El Hage disse apenas que as informações são sigilosas. “As investigações continuam e não vamos falar de passos futuros da investigação.”
O procurador explicou que as informações fornecidas pelo colaborador, cuja identidade não foi revelada, estão sendo apuradas e confrontadas com os elementos materiais colhidos na Operação Mãos à Obra. Foram cumpridos, além de cinco de seis mandados de prisão, 18 ordens de busca e apreensão somente nesta terça.
Foram detidos: Alexandre Pinto (ex-secretário de Obras), Juan Luís Bertran Bittlonch (identificado como doleiro e operador do esquema de lavagem), Vagner de Castro Pereira (ex-subsecretário municipal de Obras e presidente da Comissão de Licitações da pasta) e os empresários Rui Alves Margarido e Eder Parreira Vilela.
A reportagem do UOL não conseguiu contato com a defesa dos investigados. A assessoria de Paes também foi procurada, mas o ex-prefeito ainda não havia se manifestado até 13h.
De acordo com a força-tarefa, o delator atuava como operador financeiro do ex-secretário de Obras em um esquema que lavou ao menos R$ 6 milhões de propina, com transações efetuadas no Brasil e no exterior. Pinto usou nomes de familiares, como a própria mãe e os filhos, para ocultar os recursos ilícitos, segundo o MPF.
A propina teria sido paga por empreiteiras, fornecedores e prestadores de serviço. Entre as obras investigadas, estão a construção dos corredores de BRT para os Jogos Olímpicos de 2016, o programa Asfalto Liso e a recuperação da linha Vermelha, entre outras.
O MPF também afirma que, na gestão Paes, houve propina de R$ 250 mil em favor do ex-secretário de Conservação e Serviços Públicos Marcus Belchior. O pagamento seria oriundo da empresa do colaborador e realizado a pedido de Belchior, segundo a delação premiada, em relação à prestação de serviço para construção do corredor do BRT Transoeste.
O MPF destacou, por outro lado, que não havia indícios concretos suficientes para pedir a prisão do ex-titular da pasta. Ele foi chamado a depor na sede da PF, no centro do Rio, na tarde de hoje.
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