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Falastrão, madrugador e expediente no domingo: o estilo Kajuru no Senado

Jorge Kajuru (PSB-GO) toma posse como senador, em 1º de fevereiro - Geraldo Magela/Agência Senado - 1º.fev.2019
Jorge Kajuru (PSB-GO) toma posse como senador, em 1º de fevereiro Imagem: Geraldo Magela/Agência Senado - 1º.fev.2019

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

25/02/2019 04h00Atualizada em 25/02/2019 13h14

Voz mais ouvida no plenário do Senado no começo desta nova legislatura, Jorge Kajuru (PSB-GO) se destaca pela espontaneidade e pelo bom humor nos discursos que faz diariamente na Casa.

Até a sexta-feira (22), o parlamentar havia feito inscrição como orador em 100% das sessões --tanto as deliberativas quanto as não deliberativas. "É a voz que mais se ouve no Parlamento, não é?", brincou um dos colegas quando, da tribuna, Kajuru chamava o ex-secretário-geral da Presidência da República Gustavo Bebianno de "traidor", na última quarta.

"Eu e Paulo Paim [PT-RS] somos sempre os primeiros a chegar. Das 15 sessões que a Casa teve até agora, eu fui o primeiro a falar em pelo menos 12. E o Paim nas outras", declarou Kajuru ao UOL.

O estilo falastrão é uma marca que o parlamentar carrega desde a época em que era jornalista esportivo e apresentador de TV --no total, foram 40 anos de carreira. Acabou demitido por várias emissoras depois de declarações polêmicas, como em 2004, quando criticou o então governador de Minas Gerais e hoje deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), ao vivo em um jogo entre Brasil e Argentina.

Kajuru também tem arriscado a voz ao cantar durante os discursos na tribuna ou ao recitar trechos de músicas. Em sua estreia no Senado, durante a tumultuada eleição para presidente da Casa, o parlamentar entoou versos de "Depende de Nós", música do grupo infantil Balão Mágico, composta por Ivan Lins.

Para defender voto aberto, Kajuru revela que pai tinha amante

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Um dia antes, ele já havia provocado risadas no plenário ao contar que, aos 11 anos, seu pai o apresentou a amante. "Eu apanhei demais. O que o meu pai me bateu foi uma loucura, mas eu apanhei tão prazerosamente, porque eu contei para minha mãe aquilo que o meu pai falou que era secreto", disse ele, na ocasião, ao defender o voto aberto no pleito.

De acordo com o congressista, seus pronunciamentos são publicados nas redes sociais e já acumulam mais de 1,5 milhão de visualizações.

Kajuru disse ao UOL que está extremamente feliz com o trabalho como senador e que se sente na obrigação de comparecer a todas as sessões, mesmo às segundas e sextas --não deliberativas, quando o plenário fica completamente esvaziado. Na versão dele, tem chegado ao seu gabinete todos os dias às 6h50.

"É um perfil que eu quero mostrar para o povo brasileiro porque, na verdade, eu sou um empregado público. Os brasileiros são os meus únicos patrões. Faço questão de ir a todas as sessões. Só vou faltar se eu estiver morto ou em estado grave de saúde. Se um ministro me chamar para conversar em dia de sessão, eu não vou. O plenário para mim é como uma escola, sou o primeiro a chegar e o último a sair."

Para ele, o fato de ter sido jornalista e acumulado grande experiência na televisão é um fator que o ajuda a se comunicar no Parlamento. "Outro dia o Paim brincou e disse que nunca viu um estreante calar o Senado [em seu discurso de estreia] e fazer todos os senadores olharem para ele", disse.

"Eu tenho essa facilidade de comunicação. Eu gosto desde menino, comecei no rádio aos 11 anos de idade lá em Ribeirão Preto [SP] com José Luiz Datena e Heraldo Pereira."

Kajuru canta "Depende de Nós" durante eleição no Senado

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Expediente aos domingos

Kajuru também afirmou ter chamado a atenção de funcionários da Casa por dar expediente eventualmente aos fins de semana.

No último domingo, por exemplo, ele passou o dia no gabinete a fim de elaborar o requerimento que apresentaria à Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle solicitando a presença de Bebianno para que ele prestasse esclarecimentos sobre o escândalo de "candidaturas laranjas" do PSL.

"Uma funcionária da portaria me parou e disse que estava escutando nos gabinetes rumores que eu chegaria todos os dias às dez para as sete da manhã. Eu confirmei e ela disse: vamos combinar uma coisa? O senhor pode chegar às 9h, os outros senadores só chegam às 10h, 11h, 12h...". "Eu respondi que não, que chegaria cedo. Eu tenho que trabalhar, saber o que está acontecendo no mundo."

Ao responder para a funcionária que eventualmente daria expediente aos sábados e domingos, ela teria dito, segundo Kajuru: "Vou chamar a Papuda para prender o senhor", em referência ao Complexo Penitenciário da Papuda, situado na região administrativa de São Sebastião (DF).

Kajuru diz que sempre usará internet para decidir votações

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