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Estudo britânico questiona eficácia de antidepressivos

27/02/2008 09h37

São Paulo - Pesquisadores britânicos lançaram ontem uma conclusão polêmica: antidepressivos de última geração não ajudam muito no tratamento da depressão. Segundo as evidências, publicadas na revista PloS Medicine, eles funcionariam como placebo para pacientes com depressão leve e moderada. E, ainda de acordo com o estudo, eles fariam efeito em pacientes que sofrem de depressão severa. Isto porque o efeito placebo seria menos expressivo.

Médico psicoterapeuta do Centro Multidisciplinar de Dor do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Augusto Figueiró explica que, em depressões mais severas, o antidepressivo pode ter efeito superior a outras medidas mais leves, como atividade física e psicoterapia. "Mas, mesmo em depressões mais leves ele ainda funciona", diz, discordando de alguns pontos da pesquisa.

O estudo, feito pelo médico Irving Kirsch, do Departamento de Psicologia da Universidade de Hull, é o primeiro a examinar evidências de 47 testes clínicos. No entanto, eles apenas estudaram os medicamentos classificados como Inibidores Seletivos da Recaptura de Serotonina (ISRS), que atuam aumentando o nível da serotonina - o hormônio que controla o humor - no cérebro.

Entre os remédios examinados estavam o Prozac, Seroxat e Efexor, receitados em vários países. "Isso significa que pessoas com depressão podem melhorar mesmo sem os tratamentos químicos", disse Kirsch. A pesquisa foi contestada pelas indústrias que fabricam os medicamentos. A Eli Lilly (Prozac), disse que "pesquisas médicas demonstraram que o medicamento é um antidepressivo muito eficaz". E um porta-voz da GlaxoSmithKline (Seroxat), argumentou que o estudo britânico se concentrou em "uma pequena amostra do total de dados disponíveis". As informações são do Jornal da Tarde

AE