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Especialistas dizem que programa de Aids no país começa a estagnar

Da Agência Estado<br>Em São Paulo

12/01/2009 09h00

Após sucessivos elogios recebidos no cenário internacional, o Programa Nacional de DST-Aids começa a dar sinais de estagnação. Indicadores importantes, como número de casos novos e taxa de mortalidade, praticamente não mudaram nos últimos cinco anos. Os índices de transmissão da mãe para o bebê durante a gravidez caíram, mas não como era esperado pelo próprio governo.

Além disso, com o aumento de casos no Norte e Nordeste entre homossexuais jovens e pessoas com mais de 50 anos, a epidemia adquiriu novas características, o que exige mudança na forma de atuação, principalmente na área de prevenção. "O quadro é bastante preocupante, mas o que vemos é apenas comemoração", afirma Mário Scheffer, da organização não-governamental Pela Vidda.

Todos os dias , 97 pessoas se contaminam com o HIV, vírus da Aids, e outras 30 morrem por causa da doença. "É como se um ônibus caísse do despenhadeiro diariamente e ninguém se importasse." Para Scheffer, os números estampam a necessidade de o programa fazer uma autocrítica, perceber o que não está dando certo e, nessas áreas, mudar a estratégia. "Mas o que vemos é o oposto. Há uma percepção coletiva de que tudo está maravilhoso, que temos o maior programa do mundo."

Epidemias

O pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Alexandre Grangeiro diz que os dados divulgados no último boletim, em novembro, estampam uma lista de desafios que precisam ser enfrentados. Grangeiro, que já foi coordenador do programa nacional, observa que o país hoje apresenta não uma, mas várias epidemias de Aids. Nas Regiões Sudeste, Sul e na faixa litorânea, há uma epidemia mais antiga e estabilizada, com queda do número de soropositivos usuários de drogas e um aumento dos casos entre gays jovens.

No Norte e Nordeste, existe uma epidemia bem mais recente, formada principalmente por transmissão heterossexual. "Isso exige a adoção de estratégias diferenciadas na prevenção e na melhoria da qualidade do atendimento." O que preocupa nos Estados do Norte é a combinação de alguns fatores - menor tendência ao uso de preservativos, iniciação sexual precoce, menos interesse pelo teste para detectar o HIV. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

AE