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Febre maculosa está em expansão no Estado de São Paulo

31/10/2012 10h42

A febre maculosa está reemergindo na área rural de São Paulo. Transmitida pela saliva do carrapato, a doença atingiu neste ano 40 pessoas. “Nitidamente, ela está em expansão no Estado”, constata o coordenador de controle de doenças da Secretaria da Saúde, Marcos Boulos.

O estudo Saúde Brasil 2011, do Ministério da Saúde, mostra que São Paulo concentra 70% de todos casos registrados no país entre 2007 e 2011. Em 2010, foram 57 casos no Estado. No ano passado, 73. Nesse período, a letalidade passou de 37% para 53%. “O diagnóstico tem de ser feito rapidamente. Mas muitas vezes o médico demora a suspeitar de febre maculosa”, diz Boulos. Quando a doença evolui para a forma grave, o tratamento fica difícil.

Os surtos registrados no Estado ocorrem na população do campo, geralmente entre aqueles que têm contato com capivaras, cavalos e, mais raramente, cães e gatos portadores de carrapatos infectados. Para Boulos, o aumento do número de casos pode estar relacionado à expansão da população de capivaras. “É preciso discutir como esse fenômeno pode ser revertido. Há uma questão ambiental, mas estamos falando de saúde pública”, completa.

O aumento da letalidade da febre maculosa é registrado em todo o país. Em 2011, a taxa nacional foi de 38%. O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, afirma que a variação não é algo marcante. “Temos de olhar os números com cuidado. Como o universo de pacientes com a doença é pequeno, qualquer alteração provoca uma diferença porcentual significativa”, diz. O secretário atribui o aumento, também, à melhora da investigação das causas de morte.

Mesmo com essas ressalvas, Boulos e Barbosa avaliam ser necessário aumentar a rapidez no diagnóstico. Os primeiros sintomas geralmente aparecem uma semana após a picada do carrapato contaminado. O quadro é parecido com o de outras doenças, o que dificulta a identificação: dor no corpo, febre, falta de apetite. A diferença são manchas avermelhadas em todo corpo, num segundo estágio, seguidas por problemas renais, neurológicos e hemorragias.

“Médicos devem perguntar se o paciente esteve em áreas rurais, em contato com carrapatos ou animais como cavalos e capivaras”, afirma Barbosa. Pessoas que vão para o campo ou têm contato com animais devem relatar o fato para médicos.

Hantavirose

O Saúde Brasil 2011 destaca aumento de letalidade por hantavirose no país. A taxa nacional de 2011 foi a maior registrada desde 2000: 53% dos pacientes morreram. Barbosa afirma que esse aumento é associado aos mesmos fatores: diagnóstico tardio, melhora na identificação das causas de óbito e um universo relativamente pequeno de casos, o que leva a porcentuais elevados de variação.

“Assim como a febre maculosa, os sintomas da hantavirose são parecidos com os de outras infecções, daí a necessidade de o médico estar atento”, afirma Barbosa. “São duas doenças graves, cujo desfecho está intimamente ligado ao diagnóstico precoce.”
Entre 2000 e 2011, foram confirmados 1.440 casos da hantavirose em todo o país. Mato Grosso registrou o maior número de casos: 240, o equivalente a 16,6% do total.

A doença é transmitida por roedores silvestres e provoca uma síndrome pulmonar. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.