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Pesquisadores querem aposentar 'motorzinho' do dentista

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Imagem: Shutterstock

Lígia Formenti

05/11/2015 08h30

Estudo desenvolvido numa cooperação do Centro Nacional de Pesquisas Estratégicas do Nordeste (Cetene) traz grandes esperanças para quem tem horror ao motor do dentista usado no tratamento de cáries. Em vez do aparelho que rouba o sono de muitas crianças (e de adultos), pesquisadores testam uma fórmula com nanopartículas de prata - partículas 50 mil vezes menores do que a espessura de um fio de cabelo -, que tem ação bactericida.

Os trabalhos mostram que o produto foi capaz de interromper 85% dos processos de cárie uma semana depois da aplicação. "É um resultado muito animador, sobretudo quando levamos em conta que o método pode ser aplicado fora da clínica", disse o coordenador do Cetene, André Galembeck.

Feito em colaboração entre Cetene, a Universidade Federal de Pernambuco e a Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Pernambuco, o trabalho avaliou 5,5 mil crianças no Estado. Do total, 2,2 mil tinham lesões nos dentes. Todas receberam a aplicação da fórmula. Para fazer o estudo, no entanto, foram levadas em consideração informações coletadas com 130 crianças. "Não consideramos, por exemplo, aquelas que apresentavam cárie em estado muito avançado, com comprometimento nos dentes", diz Galembeck.

O grupo foi acompanhado durante um ano. Passado esse período, pesquisadores identificaram que dois terços das cáries continuavam inativas. "O resultado é excelente. O processo de infecção foi interrompido e a recuperação foi identificada, com a remineralização dos dentes."

Bactericida

A prata iônica é conhecida há tempos por sua ação bactericida. Ela é usada, por exemplo, nas velas de filtros usadas para higienizar a água. Segundo Galembeck, no Japão, o produto já é usado para interromper a ação das cáries. "O grande problema é que ela deixa os dentes enegrecidos."

A partir desta constatação, os pesquisadores decidiram usar partículas com dimensões de uma escala equivalente a um bilionésimo do metro, as nanopartículas. "Os estudos mostraram que o produto feito a partir dessa tecnologia tem uma ação mais controlada. Ela mantém a ação bactericida, mas não provoca a escuridão nos dentes, pois o teor de prata é 600 vezes menor do que a formulação tradicional." A equipe que trabalha em cooperação com o Cetene, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, concentra agora esforços no desenvolvimento de produtos para prevenção das cáries, feitos a partir das nanopartículas de prata. Em avaliação estão uma pasta de dente e um enxaguante bucal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.