Cerca de 30% dos brasileiros têm mau hálito; faça o teste e saiba se é um deles
No Brasil, aproximadamente 30% da população sofre com mau hálito, o que significa que cerca de 50 milhões de pessoas têm o problema, segundo dados da Associação Brasileira de Halitose (ABHA). De acordo com a associação, a halitose é algo que deve ser levado a sério, já que, além de poder ser um sinal de algum problema de saúde, pode causar prejuízos pessoais, emocionais e até profissionais.
“A halitose é uma condição que muitas vezes acaba por excluir o individuo do convívio social. O constrangimento e a rejeição social comprometem a vida da pessoa, seus relacionamentos e seu bem-estar”, afirma a periodontista Rosileine Uliana.
Uma pessoa com halitose vai se sentir insegura e até mesmo com vergonha de se aproximar dos outros ou ao falar, o que pode levar a dificuldade em estabelecer relações amorosas e afetivas, resistência ao sorriso, ansiedade, queda da autoestima e autoconfiança e até depressão. Por isso é importante procurar a ajuda de um especialista para tratar o problema.
No entanto, nem todas as pessoas sabem que têm o problema, pois não conseguem sentir o odor do próprio hálito. Isso acontece porque após cerca de um segundo expostas a determinado odor, as células olfativas se adaptam a ele - o que é conhecido como fadiga olfatória.
“Então, a melhor forma de constatarmos se estamos com alguma alteração é perguntando para alguma pessoa com quem tenhamos alguma intimidade. Para isso a pessoa deve soprar para a outra numa distância pequena - à distância de um palmo”, ensina a periodontista Beatriz Alhanati, membro da ABHA.
Agora, se você está do “outro lado” – por exemplo, tem um amigo que tem halitose – mas tem receio de dar o toque e acabar sendo indelicado, a ABHA criou o “SOS Mau Hálito”, um serviço de envio de mensagem anônima. Assim é possível enviar um e-mail dando um toque para o amigo sem se identificar, e sem ofender também.
Causas
Existem dois tipos de halitose: o transitório e o crônico. O transitório é aquele que todo mundo tem quando come algo carregado de tempero, como alho e cebola. Ou então ao acordar pela manhã, pois durante o sono não produzimos saliva e a boca fica mais seca e mais suscetível à ação das bactérias produtoras de odor.
Porém, nos dois casos, basta uma boa escovação nos dentes para resolver a situação. Já no caso da halitose crônica – aquele odor desagradável que não passa – o problema é mais complicado.
De acordo com a ABHA, a halitose crônica tem mais de 60 causas conhecidas, e nem todas elas estão na boca. Ela pode ser causada por problemas nas vias aéreas superiores, como faringite ou rinossinusite; por problemas sistêmicos, como desidratação, estresse, tabagismo; ou alterações intestinais, hepáticas, pulmonares ou renais. Por isso é preciso ficar atento e procurar um especialista que descubra as causas da halitose e indique o tratamento mais adequado.
Além disso, existem “fatores de risco” que podem levar ao desenvolvimento da halitose. “A obesidade, que leva o paciente a roncar; o estresse, que diminui a produção salivar; o uso de enxaguatórios com álcool, que ressecam a boca e predispoem à formação da saburra lingual; e a má higiene bucal são exemplos de situações que elevam o risco da pessoa desenvolver a halitose”, explica o cirurgião-dentista Maurício Duarte da Conceição, autor do livro Bom Hálito e Segurança (Ed. Arte em Livros). Fumo, drogas, uso de bebidas alcoólicas e uso excessivo de medicações também entram nessa lista.
No entanto, as origens mais comuns da halitose estão na boca. “As causas mais frequentes (mais de 80%) e importantes são de origem bucal, como a gengivite e a periodontite”, aponta Uliana.
Além disso, é preciso ficar atento aos sangramentos da gengiva. “Todas as pessoas que desconfiam que tenham halitose e que apresentam algum sangramento na sua boca devem procurar o seu dentista ou um especialista na área (periodontista) para eliminar esta causa. Sangramento na boca não é normal e deve ser tratado, pois certamente estará agravando a halitose”, alerta Alhanati.
Saburra e cáseos
Os nomes são feios, mas esses são as duas principais causas da halitose. A saburra lingual é uma placa bacteriana esbranquiçada ou amarelada localizada no fundo da língua. Ela é causada devido a uma diminuição na produção da saliva ou por causa de uma maior descamação epitelial (pedacinhos bem pequenos de pele que se desprendem dos lábios e das bochechas). Às vezes, as duas coisas podem acontecer ao mesmo tempo.
Já os cáseos amigdalianos são pequenas bolinhas viscosas e amareladas que possuem um odor desagradável e que também são formados pela diminuição da saliva ou pelo aumento da descamação epitelial. No entanto, eles ficam no fundo da garganta, em pequenas cavidades nas amígdalas. Os cáseos podem ser expelidos durante a fala, tosse ou espirros.
Nos dois casos, é importante consultar um dentista ou periodontista para confirmar o diagnóstico e fazer o tratamento. “Não adianta só ficar limpando a língua para remover a saburra, por exemplo. As causas que levam à ocorrência da saburra e dos cáseos precisam ser descobertas e tratadas. O problema é multifatorial e exige conhecimento especializado”, afirma Alhanati.
Prevenir é o melhor remédio
Para tratar a halitose, o primeiro passo é descobrir as causas do problema (o que pode não ser tão simples assim, já que existem mais de 60). Mas como na maioria dos casos o problema se encontra na própria boca, o mais indicado é procurar um dentista um profissional especializado em periodontia que consiga identificar a causa do problema.
“O diagnóstico da halitose envolve uma consulta de avaliação minuciosa, para as causas serem detectadas, chegando-se a um diagnóstico preciso”, diz Conceição. A boa notícia é que fazendo o tratamento adequado, é possível acabar com a halitose. “Com o tratamento, praticamente 100% dos casos de halitose tem solução”, afirma o cirurgião-dentista.
Mas como prevenir é melhor do que remediar, existe uma série de atitudes que podem ser tomadas para evitar o mau hálito. As principais são beber muita água, para manter a boca sempre umedecida; evitar permanecer muitas horas sem se alimentar; fazer uma boa higiene bucal, escovando os dentes, esfregando a língua e usando o fio dental; e cuidar da alimentação, que deve ser balanceada.
Também é fundamental consultar regularmente o dentista para verificar se está tudo certo. “A melhor maneira de prevenir a halitose é fazer uma avaliação com um profissional capacitado para descobrir se você possui fatores de risco para este mal. Não basta apenas ter uma excelente higiene bucal, beber água ou ter uma alimentação saudável”, recomenda Alhanati.
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