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Alimentação incorreta pode fazer sua noite de amor ir por água abaixo

O ideal é fazer uma refeição de qualidade, com alimentos leves e de fácil digestão, com pouca gordura  - Thinkstock
O ideal é fazer uma refeição de qualidade, com alimentos leves e de fácil digestão, com pouca gordura Imagem: Thinkstock

Cármen Guaresemin

Do UOL, em São Paulo

12/06/2013 07h00

Comida e sexo são prazeres muito próximos. Assim, nada mais romântico que um jantar à luz de velas, um bom vinho, música suave ao fundo e uma conversa interessante. Porém, se você exagerar na quantidade e pecar na qualidade da comida, além de extrapolar na bebida, as chances de sua noite de amor se tornar um fiasco são enormes.

O médico nutrólogo Antonio Elias de Oliveira Filho, diretor da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), comenta que nosso instinto de sobrevivência é mais focado em comer do que em fazer sexo. Porém, os centros límbicos do prazer, que regem fome e sexo, estão muito próximos. “As necessidades primitivas do ser humano são comer, dormir, caçar e fazer sexo, isso tudo para manter a espécie. O instinto do prazer relaciona comida com sexo. E ambos têm de ser bons antes, durante e depois”.

Ele frisa que sexo é uma atividade física prazerosa, que envolve o emocional e o psicológico. Assim, um bom preparo físico para executá-lo é ideal. “Claro que não é como uma maratona, mas você tem de se preparar. Não se deve comer muito logo antes da prática sexual, isso porque uma alimentação pesada aumenta a taxa de glicose”.


Leveza e qualidade

O ideal é que seja feita uma refeição de qualidade, com alimentos leves e de fácil digestão, pouca gordura e açúcar, de uma hora e meia a duas horas antes da prática sexual. E isso vale para outras atividades físicas também, lembra o médico. Isso porque uma refeição pesada e gordurosa, como uma feijoada, por exemplo, vai incorrer em sonolência e diminuição do apetite sexual. “A pessoa vai querer dormir, assim o desempenho diminuirá muito”, alerta o nutrólogo.

Quando se come demais, a irrigação sanguínea se concentra na área do sistema digestivo. E, na hora do sexo, é preciso que este sangue opere na região genital. Essa troca toda acaba diminuindo a performance física, também.  

A nutricionista Luciana Harfenist, da clínica de Nutrição Funcional (RJ), afirma que, para se conseguir uma vida sexual ativa, é importante cuidarmos do nosso organismo por inteiro, garantindo nutrientes essenciais para uma perfeita atividade metabólica. “Nosso organismo é formado por células, que são compostas por  nutrientes, e nós precisamos de mais de 40 tipos de vitaminas e minerais ao mesmo tempo  para garantir a saúde dessas células”.

Ela lembra que as pessoas precisam ficar atentas ao que ingerem, pois alimentos como o alho podem ser indigestos para algumas pessoas, causando gases e arrotos.  “Ou seja, sintomas desagradáveis e prejudiciais para a prática sexual, já que nesse momento devemos nos sentir plenos com a nossa saúde”.

O paradoxo da bebida

A bebida alcoólica é um capítulo à parte. Paradoxalmente, pode tanto deixar a pessoa mais desinibida e interessada, se tomada na quantidade certa, como também pode ser algo literalmente brochante, causando dificuldades de ereção se a dose for exagerada.

“Se você tomar, por exemplo, uma taça de vinho, meia cerveja ou meio copo de caipirinha, ficará estimulado, mais liberado e aberto sexualmente, feliz e alegre. Agora, se beber muito, vai ter sono, passará da fase do estímulo para a da depressão, diminuindo o desempenho. Resumindo, se sair para jantar e comer e beber muito, será um fracasso na cama”, comenta Oliveira Filho.

O nutrólogo indica alguns alimentos que agradam e não comprometem o desempenho: de entrada, uma salada bem temperada com alimentos quentes como beterraba e pimenta. Como prato principal, uma proteína como carne, peixe ou frango, mas cozida, grelhada ou assada, e nunca frita ou à milanesa, com molho pesado com queijo ou manteiga. E arroz para acompanhar, de preferência integral.

Na hora da sobremesa, opte por frutas ou um creme leve como papaia com cassis. “Neste momento, divida sua escolha com a(o) parceira(o). Assim, ambos comem apenas metade e já vão criando um clima de cumplicidade e intimidade”.

Já  Harfenist  recomenda itens como frutas, hortaliças, grãos, proteína animal de boa qualidade, nozes, castanhas, frutas vermelhas, laranjas, folhas escuras, semente de linhaça, quinoa em grãos, feijão azuki, salmão, ovos orgânicos, chá verde e azeite extravirgem, entre outros. “Evite sempre frituras, pois o excesso de gorduras causa má digestão, gases e também vai interferir, de forma negativa, no apetite sexual."

Comida e compulsão

Para algumas pessoas, a diferença entre comida e sexo é algo muito tênue. Não é incomum encontrar aqueles que buscam, na alimentação, satisfação para outras áreas de sua vida, como a amorosa. Isso implica em ganho de peso e perda de autoestima.

Oliveira Filho confirma: “Para comer, você tem de ter apetite antes. A comida tem de ser prazerosa durante e, depois, você tem de se sentir bem porque se saciou. O mesmo vale para o sexo”.  

Ele enfatiza que não se deve comer por compulsão, substituindo algo que está faltando por comida. Neste caso, fica um sentimento de culpa: a pessoa pensa que deveria ter comido ou bebido menos, pois vai engordar. "Não crie um vínculo emocional com a comida, tornando-a um mecanismo compensatório. Se for o caso, procure ajuda de um especialista", aconselha.