Procura por cirurgia plástica aumenta 60% no inverno; veja mitos sobre o tema
A demanda por cirurgias plásticas aumenta 60% entre os meses de junho a agosto, segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). E são várias as razões para o fenômeno: em primeiro lugar, o sol fica proibido para não prejudicar o processo de cicatrização; em segundo, o uso de cintas modeladoras, recomendado em vários tipos de intervenções, é menos incômodo com as temperaturas amenas; por fim, é período de férias, o que torna mais fácil encarar a operação.
“Para quem já está pensando em agendar a sua, vale tomar uma série de medidas antes – da escolha do profissional aos cuidados pós-operatórios que devem ser seguidos rigorosamente”, salienta Luiz Eduardo Mendonça Pereira, membro da SBCP, cirurgião plástico da Clínica Bertolini, em São Paulo.
Cuidados médicos: o que importa
De acordo com dados da entidade, as cirurgias mais procuradas neste período são a colocação de prótese de silicone e a lipoaspiração. Em 75% dos casos, a opção é por uma intervenção que combine os dois procedimentos. E, embora possa ser mais cômodo para o paciente se operar no inverno, a verdade é que não há uma época mais propícia para se submeter a uma cirurgia plástica.
“Não existe uma temporada melhor ou pior. Seja no verão ou no inverno, as chances de sucesso são as mesmas se o paciente seguir todas as orientações médicas do pré e pós-operatório”, sustenta Gustavo Tilmann, especialista em cirurgia plástica pelos Conselhos Regional e Federal de Medicina, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Com ele concorda Victor Hugo Lara Cardoso de Sá, cirurgião plástico especialista pela SBCP, professor voluntário da Faculdade de Medicina do ABC, membro da equipe de cirurgia plástica do Hospital Santa Catarina, em São Paulo. “As intervenções podem e são realizadas durante todo o ano. O que ocorre é que, pelas citadas ‘vantagens’ – como a utilização mais fácil de cintas e malhas elásticas no pós-operatório –, algumas pessoas preferem agendar neste período. Mas, em termos de resultado, não haverá diferença se as condutas forem adequadas.”
Médico: bem formado e indicado
De um fato, não há dúvida: a cirurgia plástica está cada vez mais acessível e desmistificada. “Um indivíduo estará apto a se submeter a um procedimento deste tipo desde que esteja em boas condições de saúde, física e psicológica. E também, claro, desde que todos os exames necessários o qualifiquem”, salienta Gustavo Tilmann.
É imprescindível procurar um bom médico, com boa formação e que esteja ligado a alguma entidade do setor, de preferência indicado por alguém de confiança. Isso porque algumas doenças preexistentes, como diabetes, hipertensão arterial e colesterol alto, têm de estar sob controle para que a pessoa possa realizar a cirurgia.
Os únicos veículos que permitem verificar a habilitação do cirurgião plástico à especialidade são o Conselho Regional de Medicina (CRM) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). “Não basta conhecer alguém que tenha operado com o médico, vale a pena procurar saber se possui uma formação adequada”, adverte Cardoso de Sá.
Quando você opta por um membro da Sociedade, garante que será atendido por um médico que completou um treinamento em cirurgia de no mínimo cinco anos, sendo três deles em plástica; que está treinado para realizar todo tipo de cirurgia plástica; que atua sob um código estrito de ética; e, por fim, que apenas opera em instalações médicas credenciadas, informa Pereira.
“Os perigos ligados ao paciente e à anestesia são minimizados com uma avaliação pré-operatória adequada e com a visita pré-anestésica, em que o anestesista conversa com a pessoa e seus familiares para esclarecer dúvidas e conferir exames”, explica Cardoso de Sá.
“Como todo procedimento cirúrgico, a plástica também traz riscos envolvendo o procedimento anestésico (alergias, arritmias cardíacas, alterações de pressão arterial), cicatrizes desfavoráveis, sangramentos, acúmulo de líquidos, má cicatrização, alteração de sensibilidade, assimetrias, disfunções de pigmentação, trombose venosa profunda e complicações cardíacas e pulmonares. Para minimizar os mesmos, é importante quatro medidas: a escolha de um cirurgião de confiança, uma instalação médica que cumpra todos os parâmetros de segurança, a avaliação pré-operatória completa e, por fim, que se siga as recomendações pós-operatórias”, complementa Pereira.
Estética e reparadora
Há dois tipos de cirurgia plástica: a estética, em que a pessoa escolhe fazer e marca a data; e a reparadora, que também pode ser eletiva mas, muitas vezes, é de urgência (após um acidente, por exemplo).
“No primeiro caso, o paciente passa por um processo de avaliação pré-operatória que analisa as condições clínicas, autorizando ou não a realização. No segundo, em situações de emergência, a abordagem pode ser mais rápida, fazendo com que os benefícios sejam maiores do que os riscos. De qualquer forma, a apreciação individualizada de cada caso é importantíssima. Felizmente, a evolução constante de procedimentos, medicamentos anestésicos e materiais cirúrgicos proporcionam uma segurança cada vez maior para pacientes e médicos”, reflete Victor Hugo Lara Cardoso de Sá.
Os procedimentos cirúrgicos devem ser realizados após uma avaliação e preparação minuciosa e, mesmo assim, não estão isentos de riscos. “Geralmente, várias condições só são encontradas em um centro cirúrgico hospitalar, como monitorização cardíaca (como se fosse um eletrocardiograma contínuo), acompanhamento da oximetria (oxigenação do sangue), presença de aparelho de ventilação mecânica (respirador), medicamentos e equipamentos adequados às normas de segurança. E é nestes locais, também, que há equipes bem treinadas e habituadas a situações de urgência e emergência”, destaca Cardoso de Sá.
É importante lembrar que a plástica não realiza milagres, mas sim uma busca constante pela satisfação dos pacientes, diz o médico Victor Hugo Lara Cardoso de Sá. “Assim, é de extrema importância o entendimento das aspirações e queixas de cada um pelo doutor, visando o melhor tratamento para cada caso. Ele deve informar, de forma clara, sobre riscos, benefícios e, principalmente, limitações do procedimento”.
As intervenções ajudam, “mas não vão transformar a vida do indivíduo se este não adotar hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e rotina de atividade física”, finaliza Tilmann.
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