Publicitário mineiro fotografa pessoas com deficiência "realizando sonhos"
O publicitário João Fábio Matheasi, 30, fotografou 17 pessoas com deficiências físicas e mentais, realizando seus sonhos. Eles foram clicados em imagens que mostram os desejos de cada um. Sonhos como andar na chuva, jogar futebol, praticar skate, ser rapper, médico, princesa e, também, se casar.
São seis alunos da unidade da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Andradas (MG), (506 Km de Belo Horizonte), e outros onze na unidade de Poços de Caldas (MG), (466 Km da capital). O projeto “Realizando Sonhos”, feito durante três meses pelo publicitário, foi exposto nas Apaes dos dois municípios e emocionou os participantes e familiares.
" A mãe da Júlia Cássia Melo Ferreira de quatro anos, que perdeu a visão há cerca de 12 meses, chorou muito quando viu a foto de sua filha como princesa. Júlia foi a única que não pôde se ver", diz Matheasi. A criança adquiriu uma doença degenerativa que a fez, além da cegueira, perder os movimentos.
"Partilhar esse momento foi rico demais. Pessoas que têm sonhos simples e encontraram uma maneira de realizá-los. Os alunos até choraram ao se verem retratados”, afirma a terapeuta ocupacional da Apae de Poços de Caldas Andréia Marcondes de Assis.
As fotos serão expostas a partir de 16 de agosto, permanecendo até o dia 30, no Espaço Cultural da Urca, em Poços de Caldas. A visitação é gratuita.
Das 17 pessoas fotografadas por Matheasi, os dois únicos que devem realizar seus sonhos são Carlos Alexandre Siqueira, 34, com deficiência intelectual e física, que marcou para dezembro próximo seu casamento com Danuza Sheila dos Santos, 40, que tem deficiência intelectual. O casal vai morar nos fundos da casa da mãe do noivo.
Sob a inspiração de Matej Pelijhan
Matheasi explica que quando viu o ensaio fotográfico “Le Petit Prince”, do esloveno Matej Pelijhan, com deficientes físicos e mentais também clicados em situações em que revelam seus sonhos, ficou “muito impressionado” e resolveu desenvolver um projeto na mesma linha.
"Conheço a Apae, claro. A cidade é pequena. Fui lá e eles toparam na hora. As famílias autorizaram fazer as imagens. Achei lindo o trabalho do (Matej) Pelijhan e acredito que fiz uma coisa muito próxima. Ficou lindo também", diz o publicitário.
"Tive de fotografar de cima de uma escada, com um apoio. Precisava encontrar um ângulo próximo de 90 graus para criar a dimensão da paisagem. Montamos os cenários com objetos, roupas e tecidos das próprias escolas, emprestados pelas famílias e do acervo do meu estúdio".
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