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Governo do DF muda marca de leite em pó e provoca alergia em bebês

Jéssica Nascimento

Do UOL, em Brasília

29/04/2015 06h00

O que era para ser um benefício para a saúde das crianças e uma ajuda no orçamento da família agora virou um problema. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal mudou a marca do leite em pó hidrolisado fornecido aos bebês com alergia à proteína do leite de vaca (APLV), mas não avisou os pais, que agora alegam que o produto provocou diversas reações alérgicas, como assaduras e intestino preso, nas crianças. A APLV é diferente da intolerância à lactose, apesar de ser muito confundida com a segunda. Enquanto a alergia está relacionada à proteína do leite da vaca, a intolerância está ligada ao açúcar do leite, que é a lactose.

A jornalista Camila Tavares, mãe de Júlia, de um ano e quatro meses, conta que recebia o leite da marca Neocate desde fevereiro de 2014. "Em agosto fui buscar as latas e recebi outras da empresa Amix. Questionei a troca e me disseram para que não me preocupasse, pois ambas tinham a mesma fórmula", contou.

Mas, segundo ela, a filha teve graves reações alérgicas após ingerir o novo leite. "Ela ficou bastante assada e com o intestino constipado. Levei-a imediatamente ao pediatra e ele a proibiu de consumir o leite da marca Amix."

Cada lata de leite em pó especial para alérgicos custa em média de R$ 150 a R$ 200 e dura cerca de três dias. "Gastamos R$ 2.000 mensalmente e também contamos com a ajuda de família e amigos. O gasto é exorbitante", explicou.

Cristiane Pedrosa contou que seu filho Lucas, de dez meses, também teve reações alérgicas ao ingerir a nova marca fornecida pela secretaria. Ele ficou quatro dias constipado e apresentou dificuldades para respirar.

"Os sintomas alérgicos do Lucas já estavam estabilizando, pois ele vinha consumindo o Neocate havia quase 60 dias. Após a introdução do Amix, as reações foram agressivas, atacando as vias respiratórias. Ele também desenvolveu bronquite asmática e dermatite severa", contou ela.

As mães informaram o problema à secretaria, mas a pasta respondeu que não poderia fazer nada, pois a troca das marcas aconteceu via licitação.

A secretaria disse também à reportagem do UOL que não há provas de que as alterações vieram deste leite e que a nova fórmula adota é devidamente autorizada pelo Ministério da Saúde. Para a pasta, os sintomas podem estar ligados a outros fatores, como a ingestão acidental de alimentos que contenham leite de vaca ou de outras alergias alimentares.

O órgão disse que recebeu algumas notificações que continham relatos gerais sobre as reações alérgicas e que não pretende realizar uma nova licitação, pois "isto feriria a concorrência pública da licitação".

Cristiane foi instruída pelos médicos a procurar a Defensoria Pública. "Enviamos fotos e relatórios médicos, mas até o momento não tivemos nenhum retorno."