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"Me sinto impotente", diz mulher atacada com seringa na avenida Paulista

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Imagem: iStock

Maria Júlia Marques

Do UOL, em São Paulo

24/06/2016 18h41

Imagine estar passeando tranquilamente pela rua e, de repente, sentir alguém te atacando com uma seringa. A cena aterrorizante parece improvável, mas infelizmente não é ficção.

Na quarta-feira (22), uma mulher que caminhava pela rua Pamplona, próximo ao cruzamento com a avenida Paulista, na região central de São Paulo, sentiu um homem injetar uma seringa em suas costas. Em entrevista ao UOL, a vítima (que preferiu não se identificar) disse que estava abalada e ainda incrédula:

Estava andando na calçada e senti uma pressão nas costas. Achei que era alguém conhecido, pressionando uma caneta em mim para dizer oi. Mas o homem saiu correndo. Fiquei observando e o vi tirando da manga do casaco uma seringa e espetando em uma mulher bem na minha frente

O instinto da peruana, que já mora no Brasil há um tempo, foi correr para socorrer a segunda mulher que havia sido atacada.

"Sou médica e não pensei em seguir o homem, fui ver se a senhora estava bem. Ao conversar com ela, pedi para que olhasse minhas costas e ela disse que havia um pontinho vermelho, o que comprovou que ele tinha injetado a seringa em mim também."

Assustada, ela foi até o Instituto de Infectologia do Emílio Ribas para ser examinada. Lá, fez exames de sangue e foi encaminhada para uma unidade de atendimento especializado em DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis), onde recebeu a primeira dose do coquetel de profilaxia pós-exposição para prevenir a infecção pelo HIV.

Os resultados ainda não foram divulgados. 

Estou muito preocupada com as chances de contágio, me sinto impotente e abalada. Não é só uma agressão física, também é emocional. Um transtorno enorme

Em nota, o Instituto de Infectologia do Emílio Ribas confirma o atendimento a um paciente que relatou "ter sido vítima de uma agulhada próximo à avenida Paulista". A entidade reforça que casos como esses são raros em seus serviços e que os riscos de transmissão de doenças infecciosas são considerados mínimos, não havendo necessidade de pânico para a população.

Para quem passar por situações semelhantes, o instituto aconselha manter a calma, lavar o ferimento com água e sabão, sem usar álcool em gel ou soluções que machuquem a pele, e procurar um serviço de saúde.

A vítima terá que passar por 28 dias de tratamento e exames contínuos para checar se houve algum contágio.

"Não sei nem se havia algo na seringa ou se estava vazia. Como médica, sei que, como a agulha atravessou minha roupa, as chances de contágio são baixas, mas tenho que pensar no pior e me prevenir", afirmou. "É difícil acreditar que existam pessoas com intenções tão maldosas e que possam nos afetar diretamente enquanto caminhamos pela cidade."

A médica peruana registrou queixa por lesão corporal. A Polícia Civil apura o caso. O agressor, que, segundo a vítima, tinha aparência de morador de rua, ainda não foi identificado.