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Homens que adotam medidas iguais têm outro trato, diz prefeita de Bauru

Do UOL, em São Paulo

24/03/2021 11h13Atualizada em 08/04/2021 12h27

A prefeita de Bauru (SP), Suéllen Rosim (Patriota), afirmou hoje que vive um momento "muito complicado" com os ataques recebidos após a sua eleição. Ela também comentou as críticas feitas pelo governador João Doria (PSDB), alegando que prefeitos que, assim como ela, criticaram as restrições impostas na pandemia foram tratados de forma diferente.

"Você vê, por exemplo, um governo do estado que acompanhava outros prefeitos, outros prefeitos tomavam medidas iguais as minhas, e simplesmente não tinham o mesmo trato. Você percebe que a mulher na política é muito mais desafiada. A decisão que você toma é porque você está se referindo alguém, porque alguém mandou, e não é por aí. Então você chama atenção de uma prefeita, mas não chama muita atenção de um prefeito", afirmou durante participação no UOL Entrevista.

Doria e Suéllen viraram desafetos após uma discussão no início do ano. No fim de janeiro, Suéllen foi a Brasília e se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em seguida, a região de Bauru foi colocada na fase vermelha no Plano SP, mas a prefeita baixou um decreto permitindo atividades consideradas não-essenciais, revogado depois pela Justiça. Doria e sua equipe criticaram Suéllen. O governador afirmou que a prefeita era negacionista e estava fazendo "vassalagem para o presidente Jair Bolsonaro".

"Poderia ter sido falado de uma forma diferente? Talvez sim, porque eu não fui reverenciar ninguém. Sou uma prefeita que vai onde for preciso ir. E outras mulheres prefeitas, vereadoras, e deputadas acabam enfrentando isso. Vejo isso nas reuniões, sou muito respeitada por muitos deles. Não me vítimizo em momento nenhum, isso não me incomoda mesmo, mas é porque o perfil que escolhi foi esse. Mas acho que a politica precisa respeitar mais as mulheres e nossas decisões", afirmou a prefeita.

Em 2020, às vésperas da votação do segundo turno, Suéllen foi alvo de ataques racistas postados no Facebook e distribuídas em grupos do WhatsApp. Ela acionou o MP (Ministério Público) e disse que as investigações ainda estão em andamento.

"Foi um momento muito complicado. Falo que eu comecei meu mandato tendo que lidar com muitas outras coisas além de gerenciar uma cidade do tamanho de Bauru. Eu recebi os ataques, fiquei bastante chocada com a situação, mas isso me impulsionou a representar outras mulheres, outras mulheres negras, e receber muitos apoios em relação a isso", completou.