Pesquisa descobre um motivo da persistência da hanseníase
A bactéria que causa a lepra pode sobreviver meses dentro de amebas comuns na água e no solo, e até mesmo em olhos e narizes humanos, constataram cientistas da Universidade Estadual do Colorado.
A descoberta pode ajudar a responder uma pergunta que intriga especialistas em doenças tropicais há anos: por que o número de novos casos de hanseníase pelo mundo não é reduzido, ainda que milhares de vítimas estejam tomando medicação que as tornem menos infecciosas e termine por curá-las?
Ocorrem aproximadamente 200 mil novas infecções por ano no Brasil, Índia, Angola, Madagascar, Mianmar, Indonésia, Filipinas e alguns outros países.
O estudo foi publicado em dezembro em "PLOS Neglected Tropical Diseases".
A lepra é provocada pela "Mycobacterium leprae", o bacilo de Hansen, uma bactéria de crescimento lento ligada à tuberculose que ataca células nervosas encontradas debaixo da pele. Elas não se reproduzem em laboratório e o método exato de infecção não está claro.
Como a lepra se espalha em famílias e entre pessoas após contato prolongado, os pesquisadores supuseram que a doença sempre seja transmitida entre hospedeiros humanos.
"Contudo, vemos casos novos que não parecem ligados aos outros", contou William H. Wheat, microbiólogo da Universidade Estadual do Colorado e um dos autores do estudo.
O "M. leprae" é engolfado por cinco tipos de amebas comuns, incluindo algumas que conseguem viver no muco e fluidos oculares, além de serem imunes à digestão. De acordo com o estudo, quando as amebas formam cistos para não secarem, a bactéria consegue sobreviver dentro delas durante meses e ainda infectar ratos de laboratório.
Segundo Wheat, isso poderia explicar como a bactéria persiste e reaparece quando não são encontrados humanos infectados.
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