Maduro aumenta preço da gasolina na Venezuela pela primeira vez em 20 anos
Pela primeira vez em duas décadas, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta quarta-feira (17) um aumento no preço dos combustíveis de US$ 0,01 para US$ 0,95 o litro da gasolina super.
"Isso é uma medida necessária, uma ação necessária", declarou o presidente em rede nacional de rádio e televisão, como parte de uma série de ações para enfrentar a grave crise econômica no país.
O aumento daquela que era até agora a gasolina mais barata do mundo entrará em vigor nesta sexta-feira (19) e foi de 1.328,5% para a gasolina normal e de 6.085% para a super.
Maduro afirmou que o litro da gasolina nos Estados Unidos custa US$ 0,78 o litro; na Colômbia, US$ 1,08; e na Venezuela, US$ 0,01 dólar na taxa de câmbio oficial mais baixa de 6,3 bolívares por dólar.
"Vamos cobrá-la porque estávamos pagando por descartá-la", declarou, do Palácio de Miraflores.
Na América Latina, o preço do combustível oscila entre 0,55 (Equador) e 1,41 (Uruguai) dólar por litro. Se, na Venezuela, calcula-se o dólar a preço do mercado paralelo --de pouco mais de 1.000 bolívares por dólar--, neste país se encheria 250 vezes o tanque de um carro médio.
O aumento da gasolina, adiado várias vezes por Maduro, era um tema quase tabu. Em 1989, o aumento do preço do combustível foi um dos gatilhos do "Caracazo", como ficou conhecida a sangrenta convulsão social ocorrida na época.
"Convoco a paz e o respeito de todas essas decisões necessárias. Chegou a hora de instalarmos um sistema que garanta o acesso aos hidrocarbonetos a preços justos", completou.
A Venezuela sofre uma profunda crise econômica, com uma inflação de 141,5% em termos anuais em setembro de 2015 (oficial). No ano passado, a contração econômica foi de quase 7%, e o deficit público alcançou 20%, de acordo com economistas privados, em uma conjuntura adversa pela queda dos preços do petróleo. Atualmente, a commodity se encontra abaixo de 30 dólares o barril.
A oposição defende que a única forma de a Venezuela sair da crise econômica é uma "mudança de governo".
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