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Rudy Giuliani, advogado de Trump é peça-chave do escândalo sobre Ucrânia

13.fev.2019 - O advogado de Trump, Rudy Giuliani, participa de conferência do Mujahedin Popular, em Varsóvia, na Polônia - Czarek Sokolowski/AP
13.fev.2019 - O advogado de Trump, Rudy Giuliani, participa de conferência do Mujahedin Popular, em Varsóvia, na Polônia Imagem: Czarek Sokolowski/AP

26/09/2019 15h59

A maior ameaça que a presidência de Donald Trump já enfrentou tem um homem no centro do escândalo: seu advogado pessoal, Rudy Giuliani.

O ex-prefeito de Nova York emergiu como peça-chave da tentativa de Trump de buscar na Ucrânia informação comprometedora sobre Joe Biden, seu potencial oponente democrata na eleição presidencial de 2020.

Esta suposta pressão a um governo estrangeiro para prejudicar um adversário político levou a Câmara de Representantes, controlada pela oposição democrata, a iniciar esta semana uma investigação parlamentar formal contra Trump. Os congressistas acusam o presidente de abuso de poder.

A ação da Câmara é um primeiro passo no processo de impeachment.

Giuliani, que ganhou destaque nacional como prefeito de Nova York (1994-2001) durante os atentados do 11 de Setembro, é um partidário de Trump de longa data e também um de seus assessores de maior confiança.

"Rudy Giuliani é um grande advogado, foi um grande prefeito. É muito respeitado", disse Trump na quarta-feira (25).

O tom combativo do advogado republicano de 75 anos, a rapidez com que dispara suas frases, os saltos frenéticos de um tema para o outro e as frequentes contradições em suas respostas tornaram suas entrevistas marcantes.

Ao ser questionado, esta semana, em uma entrevista na rede CNN, se havia pedido à Ucrânia que investigasse Biden, Guiliani negou com veemência tê-lo feito. Alguns segundos depois, porém, afirmou: "Claro que fiz isso!".

A dúvida foi esclarecida ontem, com a divulgação de trechos de uma conversa por telefone de 25 de julho entre Trump e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski. No telefonema, o presidente dos Estados Unidos pede claramente ao líder ucraniano que coopere com Giuliani em uma investigação sobre Joe Biden e seu filho Hunter.

Giuliani e Trump alegam que Biden, quando era vice-presidente no governo de Barack Obama, pressionou a Ucrânia em 2016 para que afastasse o principal procurador do país com a intenção de proteger Hunter Biden. À época, ele integrava a diretoria de uma companhia ucraniana de gás acusada de corrupção.

Estas acusações foram desconsideradas diante da falta de provas de comportamento ilegal dos Biden na Ucrânia.

"Matador de aluguel político"

Na conversa com Zelenski, Trump se referiu a Giuliani como um "homem muito respeitado" e "muito capaz" e pediu ao presidente ucraniano que atendesse a seu pedido para investigar os Biden.

O fato de Giuliani estar envolvido em assuntos de política externa causou assombro em Washington.

"Que papel Rudolph Giuliani tem neste governo?", perguntou na quarta-feira o congressista democrata Hakeem Jeffries.

"Está no Departamento de Justiça? É o secretário de Estado? É embaixador na Ucrânia, ou na União Europeia?", questionou.

"Rudolph Giuliani é um matador de aluguel político do presidente", afirmou.

Giuliani declarou que todas as instâncias de seu trabalho com funcionários da Ucrânia foram coordenadas com o Departamento de Estado.

O jornal "The Washington Post" citou, porém, funcionários americanos descontentes com as intromissões de Giuliani na arena diplomática.

Um dos funcionários mencionados pelo jornal aponta, sem rodeios, o advogado de Trump como responsável por este escândalo: "Rudy. Ele fez tudo isso".

Durante a conversa por telefone, Trump também pediu ao colega ucraniano que cooperasse com o procurador geral dos EUA, Bill Barr.

O Departamento de Justiça declarou ontem que Barr "não discutiu este assunto, ou qualquer outra coisa relacionada à Ucrânia, com Rudy Giuliani".

Investigação do procurador especial

Quando Trump chegou à Casa Branca e formou seu gabinete, deixou Giuliani de lado até finalmente encontrar um lugar para o ex-prefeito como assessor presidencial para cibersegurança. Depois, em abril de 2018, Giuliani se tornou advogado pessoal do presidente.

Com isso, Giuliani ficou encarregado de liderar a defesa do magnata nova-iorquino durante a investigação do procurador especial Robert Mueller sobre as suspeitas de conluio entre Moscou e a equipe de Trump na campanha para a eleição presidencial de 2016.

Ontem, Trump afirmou que a participação de Giuliani nos contatos com a Ucrânia eram uma tentativa de descobrir como começou a "falsa caça às bruxas", expressão que o presidente costuma usar para se referir ao trabalho de Mueller.

"Rudy tem todo o direito de ir e investigar onde começou isso, e outras pessoas também estão procurando", completou.