Auditoria da Petrobras identifica US$ 23 mi superfaturados em contratos de sondas
A análise foi apresentada pela petroleira em relatório de auditoria encaminhado ao MPF em maio. O documento relata encontros entre Camargo, o ex-diretor da estatal Nestor Cerveró e o operador do PMDB Fernando Soares, o Fernando Baiano, além de representantes das empresas responsáveis pela construção das sondas. Baiano e Cerveró, ambos presos em Curitiba, se reuniram pelo menos 72 vezes entre 2004 e 2008 na sede da Petrobras. Camargo esteve 18 vezes na sede em reuniões com Cerveró.
No depoimento em que acusou Cunha de cobrar propina, Camargo indicou que os recursos teriam partido do contrato de construção das sondas, em 2006 e 2007. O lobista, que disse representar as empresas Toyo e Mitsui, indicou que recebeu US$ 53 milhões em comissões, dos quais US$ 30 milhões teriam sido distribuídos ao PMDB, via Baiano. Segundo o depoimento, parte dos recursos seria destinado a Cunha.
O relatório da auditoria indica que a construção das sondas foi definida por Cerveró, no comando da área internacional, "sem prévia autorização" da diretoria executiva. Cerca de 15 dias após a aprovação dos executivos à construção das sondas, o ex-diretor se reuniu com lobistas e representantes das empresas, diz o relatório. O documento detalha também que, um ano após a contratação, os termos do negócio foram revistos e o custo ampliado em 5%, o equivalente a US$ 31,5 milhões, "sem qualquer objeção" da área internacional ou explicação para a adição de itens no escopo do contrato.
Camargo afirmou que, em encontro com o presidente da Câmara, foi cobrado pelo pagamento de US$ 5 milhões referentes ao contrato. Cunha teria questionado atraso nos repasses. O delator contou que, como forma de pressão, o deputado teria elaborado requerimentos ao Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar irregularidades nos contratos da Mitsui com a Petrobras em 2011. O caso também foi relatado por Alberto Youssef.
As sondas Petrobras 10000 e Vitoria 10000, usadas no Golfo do México, foram construídas pela japonesa Mitsui e pelo estaleiro coreano Samsung Heavy Industry. Após a construção, a Petrobras contratou a empresa Schahin para operar a Vitoria por US$ 1,6 bilhões. A contratação também foi alvo de auditoria, que apontou pagamento de bônus acima da média de mercado, com prejuízos de US$ 79 milhões em dez anos.
A Schahin sustenta que os contratos foram fechados em "condições de mercado". A empresa também é investigada pela Operação Lava Jato e foi citada pelo ex-gerente executivo da Petrobras Pedro Barusco como integrante do cartel de empresas que combinavam preços e resultados de licitações da estatal.
A Samsung Heavy Industry não foi localizada para comentar as denúncias. A Mitsui confirma que teve "contatos legítimos" com representantes da estatal e parceiros para "discutir oportunidades de negócios". A empresa nega que tenha sido representada por Camargo ou que tenha pago propinas.
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