Quatro perguntas para entender a violência entre israelenses e palestinos
Uma nova escalada da violência entre israelenses e palestinos nas últimas semanas tem despertado temores de que se inicie uma terceira "intifada" palestina.
Ataques a armas e facas por palestinos mataram sete israelenses e feriram diversos outros nas últimas duas semanas, por conta de rumores de que Israel planejaria tomar o controle da mais simbólica área sagrada de Jerusalém, sagrada tanto para judeus quanto para muçulmanos.
Ao menos 30 palestinos, inclusive os supostos responsáveis por ataques, também morreram, e centenas de outros ficaram feridos.
Israel anunciou o envio de centenas de soldados para reforçar a segurança, e postos de controle foram montados em vilarejos e bairros palestinos em Jerusalém Oriental.
O gabinete de segurança de Israel autorizou a polícia a fechar ou cercar "centros de incitação" em Jerusalém, que casas de palestinos que atacaram israelenses sejam demolidas e nunca mais reconstruídas, e que direitos de familiares de viver na cidade sejam revogados.
Em resposta, a ONG Human Rights Watch queixou-se que o cerco a partes de Jerusalém Ocidental "infringe a liberdade de movimento de todos os moradores palestinos em vez de ser uma resposta adequada a uma preocupação específica".
"Esses postos de checagem são uma receita para assédio e abusos", afirmou em comunicado a direção da ONG.
Veja quatro perguntas para entender a atual onda de violência.
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O que está acontecendo?
Desde outubro, palestinos têm realizado uma série de agressões com facas e armas contra israelenses. Em um caso, suspeita-se que um israelense tenha realizado um ataque de vingança.
Os ataques foram realizados em Jerusalém e em cidades do norte e centro de Israel e na Cisjordânia ocupada.
Israel reforçou a segurança e enfrentou manifestantes, o que deixou diversos mortos também no lado palestino.
Episódios de violência também foram registrados dentro da faixa de Gaza, na região de fronteira com Israel.
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O que está por trás da onda de violência?
Após um período de relativa calma, a violência entre israelenses e palestinos vem crescendo desde que confrontos surgiram na região sagrada de Jerusalém em meados de setembro.
O aumento das tensões foi alimentado por boatos, entre palestinos, de que israelenses estariam planejando alterar um acordo religioso sobre a jurisdição da área, sagrada para judeus e muçulmanos.
A região envolve a mesquita Al-Aqsa, conhecida por judeus como Templo do Monte. Israel afirmou que não planeja alterar as regras e que os boatos são uma incitação à violência.
Logo depois, dois israelenses que viajavam com seus quatro filhos foram mortos por palestinos na Cisjordânia. Dois dias depois, os ataques a faca começaram.
Autoridades israelenses e palestinas trocam acusações de não agirem para proteger suas comunidades.
Israel diz que a liderança palestina está incitando os ataques, enquanto o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, atribui a violência a "atos de agressão" dos israelenses e de colonos judeus.
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As agressões estão sendo organizadas nas redes sociais?
Não há nenhuma evidência de que haja uma organização central para os ataques, mas palestinos têm usado as redes sociais para celebrá-los e incentivar outras pessoas a realizá-los.
O Hamas, grupo militante islâmico que controla a faixa de Gaza, publicou um vídeo recentemente no qual mostra como esfaquear judeus. A encenação, com uma música dramática ao fundo, mostra dois personagens judeus xingando crianças árabes. Uma testemunha árabe, então, esfaqueia-os.
O vídeo foi removido do canal do Hamas no YouTube após o Ministério de Relações Exteriores de Israel ter afirmado que celebrava a violência e estimulava mais ataques.
Outras mensagens comemorando e incentivando ataques contra israelenses também foram divulgadas no YouTube e no Facebook, enquanto hashtags no Twitter sobre a violência estão se tornando populares entre palestinos.
Muitos dos ataques ou seus momentos seguintes foram filmados por celulares e câmeras de segurança, e as imagens são rapidamente publicadas na internet e compartilhadas.
Autoridades israelenses temem que imagens dos responsáveis pelos ataques sendo feridos a tiros possa alimentar a raiva e inspirar novos ataques.
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Esta é uma nova intifada palestina?
Houve duas intifadas --ou levantes-- organizadas por palestinos contra a ocupação de territórios por parte dos israelenses: nos anos 1980 e no início dos anos 2000.
Com o fracasso das negociações de paz, alguns observadores questionam se a atual onda de violência consiste em uma terceira intifada.
Os esfaqueamentos em curso atualmente parecem não ter critérios em comum e serem realizados a esmo.
Apesar de essas agressões terem sido elogiadas nas redes sociais por grupos militantes e partidários da facção laica Fatah, de Abbas, o presidente da ANP disse que palestinos não estão interessados num aumento da tensão.
No entanto, há o risco de que os ataques passem a ser mais frequentes, e grupos militantes passem a organizá-los --saindo do controle de autoridades.
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