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A estratégia adotada pelas crianças de Aleppo para tentar impedir bombardeios

Fumaça dos pneus dificulta visibilidade e permite a rebeldes acessar rotas de abastecimento - Abdalrhman Ismail/Reuters
Fumaça dos pneus dificulta visibilidade e permite a rebeldes acessar rotas de abastecimento Imagem: Abdalrhman Ismail/Reuters

04/08/2016 17h55

Crianças de Aleppo, na Síria, vêm usando um mecanismo de defesa pouco convencional para tentar impedir ataques aéreos: queimar pneus.

O objetivo da estratégia é criar uma zona de exclusão aérea sobre a cidade sitiada.

Isso porque a fumaça dos pneus acaba dificultando a visibilidade dos pilotos que bombardeiam a zona leste da cidade, controlada desde 2012 por grupos que se opõem ao governo do presidente Bashar al-Assad.

O jornalista Rami Jarrah, que está cobrindo a guerra na Síria, afirma ser eficaz queimar pneus.

"A fumaça confunde os pilotos dos aviões e acaba permitindo aos rebeldes ter acesso a rotas de abastecimento", explica ele.

Durante as últimas semanas, a zona leste da cidade sofreu intensos ataques de forças governamentais, que contam com o apoio aéreo da Rússia, aliado-chave do governo de Assad.

Aleppo é controlada por rebeldes desde 2012 - Abdalrhman Ismail/Reuters - Abdalrhman Ismail/Reuters
Aleppo é controlada por rebeldes desde 2012
Imagem: Abdalrhman Ismail/Reuters

No mês passado, apoiadores do presidente sírio conseguiram cortar todas as vias de abastecimento para os rebeldes, que, por sua vez, lançaram uma ofensiva para tentar romper o bloqueio.

"Todo mundo está queimando pneus, mas nas atuais circunstâncias da resistência, essa é realmente a única coisa que as crianças podem fazer", acrescentou.

As organizações humanitárias calculam que ainda haja 250 mil civis vivendo nas zonas de Aleppo controladas pela oposição armada.

Segundo a ONU, as reservas de alimento poderiam se esgotar em meados de agosto, o que causaria fome generalizada.

No último fim de semana, forças governamentais e Rússia estabeleceram um corredor humanitário para permitir que civis pudessem sair de Aleppo. Uma anistia também seria concedida aos rebeldes que quisessem se entregar.

Mas os insurgentes alegam que o corredor humanitário não foi criado para permitir a entrada de comida e medicamentos, e sim para remover as pessoas da região.

Os Estados Unidos, por sua vez, afirmaram esperar que o corredor humanitário cumprisse suas funções e que não consistisse em uma estratégia para tentar tomar Aleppo, pois isso colocaria em risco o acordo estabelecido para buscar uma solução para o conflito.

Nos últimos dias, Aleppo vem sofrendo com o fogo cruzado. Com o apoio dos bombardeios russos, forças leais a Assad vêm reagindo fortemente à ofensiva dos rebeldes que tentam romper o bloqueio à cidade.

Na terça-feira, Moscou rejeitou as críticas do secretário de Estado americano, John Kerry, que havia pedido à Rússia que se abstivesse de lançar ofensivas sobre a zona controlada pelos insurgentes.

O vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, disse à agência estatal Ria-Novosti que a exigência é "inaceitável" em um momento em que as forças governamentais estão avançando, com o apoio russo, no combate contra o que chamou de "terroristas".