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Anistia Internacional denuncia torturas do EI a mulheres da etnia yazidi

22/12/2014 23h02

Londres, 23 dez (EFE).- A Anistia Internacional (AI) denunciou nesta terça-feira (data local) as torturas, como abusos sexuais, que sofrem centenas de mulheres iraquianas da minoria yazidi ao serem capturadas pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

No relatório "Escapar do inferno: tortura e escravidão sexual em cativeiro pelo Estado Islâmico no Iraque", a AI aprofunda nos abusos que sofreram e ainda sofrem muitas mulheres yazidis ao serem vendidas ou dadas aos membros do EI, e que, entre outras coisas, são obrigadas a abandonar suas crenças religiosas e se converter ao islã.

"As vidas de centenas de mulheres yazidis no Iraque ficaram destroçadas pelos horrores da violência e da escravidão sexual durante seu cativeiro pelo Estado Islâmico", diz em comunicado a assessora da AI em situações de crise, Donatella Rovera.

A comunidade yazidi, uma minoria religiosa estabelecida no Curdistão - território repartido entre Turquia, Iraque, Síria e Irã -, é seguidora de uma antiga religião monoteísta pré-islâmica.

Rovera especificou que muitas dessas mulheres são meninas, de 15 anos ou menos, e denunciou que o Estado Islâmico utiliza o abuso sexual como arma, além de ser responsável por múltiplos crimes de guerra e contra a humanidade.

"Muitas delas foram maltratadas e consideradas escravas, inclusive as que conseguiram escapar ainda apresentam profundos traumas", disse Rovera.

Um dos principais traumas que enfrentam ao retornar a suas comunidades é que se duvide de sua honra devido ao estigma que ronda o abuso sexual, e temem que já não sejam consideradas da mesma forma em seu círculo social.

O relatório assinala que os horrores que o EI descarregou sobre ditas mulheres deixou algumas tão traumatizadas que se suicidaram, perante o temor que sofressem mais abusos.

A AI ressalta que pelo menos 21 mulheres tomaram esse caminho do suicídio, entre as quais se encontravam duas meninas de 10 e 12 anos.

Um desses casos é o de Wafa, de 27 anos, que relatou como ela e sua irmã tentaram acabar com suas vidas estrangulando-se com um cachecol quando um de seus sequestradores as ameaçou com um casamento forçado.

Por tudo isso, o relatório solicita ao governo regional do Curdistão, às Nações Unidas e outras organizações humanitárias que reforcem seu trabalho na região e garantam que todas as mulheres que sofreram dito trauma estejam atendidas e saibam que podem contar com sua ajuda.