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Reino Unido receberá 20 mil refugiados até 2020, anuncia Cameron

07/09/2015 12h58

Londres, 7 set (EFE).- O Reino Unido receberá 20 mil refugiados sírios "nesta legislatura", que acaba em 2020, anunciou nesta segunda-feira o primeiro-ministro, David Cameron, em uma declaração na Câmara dos Comuns.

No retorno do recesso de verão, Cameron informou aos deputados que os refugiados virão de campos em países na fronteira com a Síria. Por isso, não incluirão as pessoas que tenham chegado à Europa por seus próprios meios.

O primeiro-ministro explicou que, ao não fazer parte do Acordo de Schengen - que permite a livre circulação de pessoas dentro da União Europeia -, o Reino Unido pode decidir "seu próprio enfoque" para resolver a crise de imigrantes que chega ao continente

A UE estuda introduzir um sistema de cotas obrigatórias para alocar em torno de 120 mil refugiados do conflito sírio, abordagem que enfrenta a oposição do Reino Unido.

Ao apresentar sua estratégia, o líder conservador lembrou a história de amparo de refugiados que o país tem, e disse que também no caso da Síria tem "a responsabilidade moral" de fazer todo o possível para atenuar a crise humanitária.

No entanto, o enfoque britânico empregará "o coração e a mente, e abordará as causas assim como as consequências", o que implicará em um maior trabalho diplomático para impulsionar um governo de união nacional na Líbia e resolver o conflito na Síria, assim como medidas para reduzir a chegada de imigrantes através do Mediterrâneo, assinalou.

O Reino Unido destinará parte de seu orçamento de ajuda internacional, de cerca de 12 bilhões de libras (cerca de R$ 70 bilhões) anuais, para melhorar as condições nos campos de Turquia, Jordânia, Líbano e Síria, acrescentou Cameron, que ressaltou que seu país é o único do mundo que se comprometeu a dedicar 0,7% de seu PIB à ajuda humanitária.

O líder "tory" também informou que um drone da Força Aérea Real (RAF) do Reino Unido matou em agosto três militantes do Estado Islâmico (EI) na Síria - dois deles britânicos, o que considerou uma ação totalmente legal por ser "em defesa própria", apesar do governo não ter autorização parlamentar para bombardear no país árabe.

O parlamento britânico autorizou em 2014 uma intervenção militar aérea contra o EI no Iraque, mas o Executivo não conta com o sinal verde dos deputados para participar dos ataques liderados pelos Estados Unidos na Síria.

Antes que a Comissão Europeia (CE) analise nesta quarta-feira fixar um sistema de cotas para o abrigo de refugiados sírios na UE, a França comunicou hoje que está preparada para receber cerca de 24 mil pessoas nos dois próximos anos.

A Alemanha declarou que receberá este ano cerca de 800 mil refugiados e está disposta a enfrentar este desafio em longo prazo, mas ressaltou que precisa do apoio dos outros países europeus.

A Síria, com uma população de 22 milhões, tem 7,6 milhões de deslocados internos e mais de quatro milhões de refugiados (cerca de dois milhões na Turquia, mais de um milhão no Líbano, 629 mil na Jordânia, 132 mil no Egito e 276 mil no resto do mundo).

Desde que começou o conflito sírio, em 2011, mais de 250 mil pessoas morreram, e 12,2 milhões de sírios precisam de assistência humanitária imediata.