Presidentes de China e Taiwan fazem história com sua 1ª reunião em 66 anos
Francisco Luis Pérez.
Cingapura, 7 nov (EFE).- Os presidentes da China e de Taiwan, Xi Jinping e Ma Ying-jeou, escreveram neste sábado uma página da História dos dois territórios com a primeira reunião deste porte em 66 anos, após a cisão política em 1949.
O encontro, no cenário neutro do luxuoso Shangri-La Hotel, em Cingapura, teve como principais resultados promessas de desenvolvimento futuro das relações se não existir uma declaração de independência em Taiwan, e dentro do respeito ao chamado "consenso de 1992". Esta ambígua fórmula, que permite a ambas as partes dizer que pertencem à China, mas se reservarem ao direito de defini-la a sua maneira, "tornou possível o diálogo e alcançou frutos notáveis", garantiu Ma em entrevista coletiva posterior a reunião.
A evento, que foi preparado durante dois anos até ser anunciado de surpresa à meia-noite da terça-feira passada, transcorreu com uma coreografia cuidadosamente planejada, em um ambiente muito cordial e com os dois líderes dirigindo-se um ao outro como "o senhor" para evitar o uso da palavra "presidente" e suas implicações legais.
As falas de Xi antes da reunião a portas fechadas se centraram na herança comum, o respeito ao consenso de 1992 e a rejeição à independência taiuanesa.
"Hoje damos um passo histórico", afirmou Xi.
Ma apresentou cinco pontos para consolidar o desenvolvimento pacífico das relações e destacou o consenso de 1992 e a rejeição à independência formal, que constituíram os principais pontos desta cúpula.
A reunião acontece dois meses antes das eleições presidenciais e legislativas em Taiwan, nas quais a líder do independentista Partido Democrático Progressista (PDP), Tsai Ing-wen, é a grande favorita para suceder Ma Ying-jeou.
Após o encontro foram realizadas breves rodas de imprensa separadamente. Ma falou aos 500 veículos de comunicação credenciados. Já da parte de Pequim quem compareceu foi o responsável pelo Escritório de Assuntos de Taiwan, Zhang Zhijun.
O presidente taiuanês explicou que tinha buscado o apoio chinês a entrada da ilha nos acordos comerciais regionais TPP (região do Pacífico) e RCEP (Ásia e Sudeste Asiático), assim como a eliminação de pressões diplomáticas de Pequim contra a participação internacional de Taiwan.
Segundo Ma, Xi respondeu de forma positiva aos pedidos de participação internacional e entrada no Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII) caso o governo em Taipé não avance rumo ao independentismo.
O presidente taiuanês também pediu a Xi a retirada dos quase 1.500 mísseis chineses que apontam à ilha, já que a China mantém em vigor uma lei que não descarta o uso da força se Taiwan declarar independência.
Ma acrescentou que ambas as partes concordaram em que "não cabe o independentismo" de Taiwan, já que "vai contra a Constituição".
"Podemos cooperar em tudo se o consenso de 1992 foi mantido", afirmou o responsável chinês, que reforçou que sob essa premissa "é possível falar todos os aspectos de forma pragmática".
O tom do encontro, mostrado nos discursos iniciais dos presidentes e nas rodas de imprensa posteriores, foi cordial, e ambos pareceram lançar advertências rumo ao independentismo taiuanês e ao PDP. O partido viu com grande receio a aproximação à China durante os oito anos de mandato de Ma e foi muito crítico pela cúpula de hoje.
Por isso, "muitas palavras de Xi estavam claramente dirigidas ao Partido Democrático Progressista, para que abandone a ideia de independência e aceite que a ilha é parte da China, embora de uma forma ambígua", comentou o diretor do Instituto de Estudos Chineses da Universidade Tamkang (Taiwan), Chang Wu-ueh, após a cúpula.
Cingapura, 7 nov (EFE).- Os presidentes da China e de Taiwan, Xi Jinping e Ma Ying-jeou, escreveram neste sábado uma página da História dos dois territórios com a primeira reunião deste porte em 66 anos, após a cisão política em 1949.
O encontro, no cenário neutro do luxuoso Shangri-La Hotel, em Cingapura, teve como principais resultados promessas de desenvolvimento futuro das relações se não existir uma declaração de independência em Taiwan, e dentro do respeito ao chamado "consenso de 1992". Esta ambígua fórmula, que permite a ambas as partes dizer que pertencem à China, mas se reservarem ao direito de defini-la a sua maneira, "tornou possível o diálogo e alcançou frutos notáveis", garantiu Ma em entrevista coletiva posterior a reunião.
A evento, que foi preparado durante dois anos até ser anunciado de surpresa à meia-noite da terça-feira passada, transcorreu com uma coreografia cuidadosamente planejada, em um ambiente muito cordial e com os dois líderes dirigindo-se um ao outro como "o senhor" para evitar o uso da palavra "presidente" e suas implicações legais.
As falas de Xi antes da reunião a portas fechadas se centraram na herança comum, o respeito ao consenso de 1992 e a rejeição à independência taiuanesa.
"Hoje damos um passo histórico", afirmou Xi.
Ma apresentou cinco pontos para consolidar o desenvolvimento pacífico das relações e destacou o consenso de 1992 e a rejeição à independência formal, que constituíram os principais pontos desta cúpula.
A reunião acontece dois meses antes das eleições presidenciais e legislativas em Taiwan, nas quais a líder do independentista Partido Democrático Progressista (PDP), Tsai Ing-wen, é a grande favorita para suceder Ma Ying-jeou.
Após o encontro foram realizadas breves rodas de imprensa separadamente. Ma falou aos 500 veículos de comunicação credenciados. Já da parte de Pequim quem compareceu foi o responsável pelo Escritório de Assuntos de Taiwan, Zhang Zhijun.
O presidente taiuanês explicou que tinha buscado o apoio chinês a entrada da ilha nos acordos comerciais regionais TPP (região do Pacífico) e RCEP (Ásia e Sudeste Asiático), assim como a eliminação de pressões diplomáticas de Pequim contra a participação internacional de Taiwan.
Segundo Ma, Xi respondeu de forma positiva aos pedidos de participação internacional e entrada no Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII) caso o governo em Taipé não avance rumo ao independentismo.
O presidente taiuanês também pediu a Xi a retirada dos quase 1.500 mísseis chineses que apontam à ilha, já que a China mantém em vigor uma lei que não descarta o uso da força se Taiwan declarar independência.
Ma acrescentou que ambas as partes concordaram em que "não cabe o independentismo" de Taiwan, já que "vai contra a Constituição".
"Podemos cooperar em tudo se o consenso de 1992 foi mantido", afirmou o responsável chinês, que reforçou que sob essa premissa "é possível falar todos os aspectos de forma pragmática".
O tom do encontro, mostrado nos discursos iniciais dos presidentes e nas rodas de imprensa posteriores, foi cordial, e ambos pareceram lançar advertências rumo ao independentismo taiuanês e ao PDP. O partido viu com grande receio a aproximação à China durante os oito anos de mandato de Ma e foi muito crítico pela cúpula de hoje.
Por isso, "muitas palavras de Xi estavam claramente dirigidas ao Partido Democrático Progressista, para que abandone a ideia de independência e aceite que a ilha é parte da China, embora de uma forma ambígua", comentou o diretor do Instituto de Estudos Chineses da Universidade Tamkang (Taiwan), Chang Wu-ueh, após a cúpula.
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