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Ex-chefe de governo espanhol diz que "quadripartidarismo é imperfeito"

09/03/2016 22h07

São Paulo, 9 mar (EFE).- O ex-presidente do governo da Espanha Felipe González afirmou nesta quarta-feira, em São Paulo, onde nesta semana assumirá a Cátedra José Bonifácio, que o bipartidarismo foi substituído em seu país por um "quadripartidarismo que é tão imperfeito quanto o sistema anterior".

O assunto foi abordado por González durante uma aula magna na Universidade de São Paulo (USP), onde destacou a crise do sistema político espanhol, mas destacou que o país "irá se acostumar" com o novo cenário.

Sem mencionar nomes, o ex-chefe de governo (1982-1996) também se referiu aos partidos que surgiram do chamado "15-M", os atentados contra o sistema de trens de Madri que deixaram 191 mortos. "Se somássemos todos os movimentos de indignação e tentasse fazer um programa de governo com todos eles ao mesmo tempo, seria um caos".

"Não achem que é difícil obter muitos votos no calor da indignação, o difícil depois é realizar um projeto de país que seja consistente", explicou o ex-presidente do governo da Espanha.

González falou, além disso, sobre a "democracia da direita" e destacou que, "embora hoje seja muito atrativo falar dela para superar a rigidez e a lentidão da democracia representativa, ela ainda não deu nenhum resultado".

Por outro lado, o ex-presidente negou que tenha intenção de ocupar um novo cargo político, apesar dos rumores que, em sua opinião, "ainda circulam pelo labirinto de Madri".

"Quando me tiraram do governo, decidi não aceitar mais nenhuma responsabilidade institucional. Como tinha 54 anos, ninguém me chamou. Se não era certo com 54, não será com 74", disse.

Durante a aula, na qual lembrou a história econômica dos últimos anos, o líder socialista defendeu o papel de seu governo para a "descentralização do poder político" na Espanha.

"O poder central tem que ter sempre a capacidade de manter a coesão de todos os cidadãos em todo o território da nação", afirmou.

O ex-presidente do governo da Espanha chegou na segunda-feira ao Brasil, onde amanhã tomará posse de uma cátedra que antes teve como titulares Ricardo Lagos, ex-presidente do Chile, Enrique Iglesias, ex-secretário-geral ibero-americano, e a escritora brasileira Nélida Pinõn, vencedora do prêmio Príncipe de Astúrias de Letras.

No seu primeiro dia no Brasil, González se reuniu com o reitor da USP, Marco Antonio Zago, e, acompanhado por Nélida, participou de um grupo de trabalho para planejar algumas das atividades acadêmicas que serão organizadas na USP ao longo desta semana.

Ontem, ele participou de uma conferência na USP, na qual destacou o crescente papel da mulher na sociedade do século XXI.