Topo

Havana se transforma em canteiro de obras antes da visita de Obama

Desmond Boylan/AP
Imagem: Desmond Boylan/AP

Yeny García

Em Havana

10/03/2016 18h59

Faltando apenas dez dias para a visita a Cuba do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, Havana reforma ruas, limpa monumentos, pinta fachadas e acelera as obras para exibir sua melhor faceta durante o histórico acontecimento.

Grupos de operários chamam a atenção nos últimos dias entre um número cada vez maior de turistas e se somam ao corre-corre típico de áreas sensíveis da cidade como Havana Velha, o bairro El Vedado, os arredores da emblemática Praça da Revolução e o Estádio Latino-Americano, onde Obama assistirá um amistoso de beisebol.

Para o olho mais perspicaz estas melhorias podem dar pistas sobre a possível rota e possível agenda presidencial na capital, aonde Obama chegará no domingo, 20 de março, acompanhado por sua mulher, Michelle; o secretário de Estado, John Kerry; e uma extensa delegação oficial.

O monumento às vítimas do encouraçado Maine, símbolo do enfrentamento entre Cuba e EUA e situado a metros da embaixada americana em Havana, é um dos locais que passam por obras, focadas sobretudo na visita de Obama, segundo contou nesta quinta-feira (10) à Agência Efe Álvaro, um dos restauradores.

Sem deixar de trabalhar, este jovem declarou que as obras consistem em "tirar a ferrugem" das correntes que rodeiam os canhões do conjunto escultórico, às quais planejam "deixar limpas para depois pintá-las".

Sobre a visita de um presidente dos EUA a Cuba, o primeiro em 88 anos, Álvaro disse que vai ser "benéfica" para os cubanos, que esperam que "venham mais frequentemente" as personalidades internacionais.

Entre as obras realizadas em Havana estão incluídas melhorias em importantes vias como as avenidas Primeira e Quinta no bairro de Miramar, os acessos ao Estádio Latino-Americano, e a movimentada artéria que passa em frente ao Capitólio de Havana, hoje fechada ao tráfego para agilizar os trabalhos de reparação.

Para Rolando Martínez, um havanês que "ganha a vida" conduzindo um "bicitáxi" na área turística de Havana Velha "está certo deixar a cidade mais bonita".

"O que não sei é por que têm que esperar até que venha alguém para fazer essas coisas. Por que não fazem sempre, para que, quando as pessoas venham, já tudo esteja tudo feito?", se perguntou este jovem havanês.

Embora admita estar contente pelos retoques que a cidade está recebendo, "principalmente a parte antiga", Martínez afirmou estar preocupado pela reabertura do Grande Teatro de Havana, a metros do Capitólio, um edifício que "ficou lindíssimo, mas que agora com toda esta poeira, vai precisar ter toda a fachada limpa novamente".

Grandes expectativas despertam também os trabalhos no Estádio Latino-Americano, que está recebendo melhorias na cobertura, no gramado e na área VIP para o jogo de beisebol entre o Tampa Bay Rays, da Flórida, e a seleção cubana, marcado para o dia 22 e com presença confirmada de Obama.

Outros edifícios que também mostrarão suas melhores cores são os hotéis Nacional e Habana Libre, antigo Habana Hilton, este último uma das sedes onde trabalharão as centenas de jornalistas credenciados para o histórico evento, que estabelecerá um marco no degelo iniciado há mais de um ano entre as duas nações.

"Penso que esta visita será para o bem, porque temos que regular as relações. Já é tempo de resolver nossos problemas" afirmou Pablo, um dos muitos cubanos que observam esperançosos a nova etapa de normalização bilateral.

Obama chegará a Cuba em 20 de março e realizará uma histórica visita até o dia 22, no que será a primeira viagem à ilha de um presidente americano em exercício desde a de Calvin Coolidge em 1928.

Obama viajará à ilha com a meta de ampliar os avanços conquistados com a normalização bilateral, iniciada em dezembro de 2014, e incidir nas melhoras pendentes sobre os direitos humanos.