Topo

OMS é "prudente" sobre possível ligação de zika e microcefalia, diz ministro

14/03/2016 19h37

Brasília, 14 mar (EFE).- O ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou nesta segunda-feira que a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda é muito "prudente" sobre o possível vínculo entre o vírus da zika e a microcefalia, mas admitiu que "toda prudência nunca é pouca".

Castro destacou que o governo brasileiro "não quer criticar a OMS", com a qual mantém uma constante e estreita cooperação, mas alegou que no país se considera completamente provado que a zika pode causar microcefalia, apesar de o órgão das Nações Unidas ainda não o reconhecer totalmente.

"Pelo menos no Brasil, o aumento de casos de microcefalia se deu onde a zika tem mais incidência", e essa ligação já foi estabelecida inclusive desde "o ponto de vista epidemiológico", disse o ministro.

Segundo balanços do Ministério da Saúde, desde outubro do ano passado foi confirmado que nasceram no país 745 bebês com microcefalia e ainda se investiga se esta má-formação afeta outros 4.231 que apresentaram sintomas parecidos.

"Na grande maioria dos casos confirmados de microcefalia, foi comprovado que a zika estava presente", declarou Castro, que acrescentou que, por essa razão, em novembro o governo decretou uma situação de "emergência nacional" frente ao vírus.

"Como todo o mundo, fomos surpreendidos por esta epidemia" e, sobretudo, pelo forte aumento dos casos de microcefalia, que no Brasil não passavam de 150 anuais até 2014.

Desde a aparição do vírus, o governo "fez um esforço que jamais foi feito no país" em termos de pesquisa para o desenvolvimento de uma vacina e de exames mais rápidos e efetivos, como também para conscientizar a população sobre a necessidade de combater o mosquito Aedes aegypti.

"Enquanto não conseguimos a vacina, é a única coisa que se pode fazer. Só vamos dormir tranquilos quando tivermos a vacina", afirmou.

Castro defendeu as mobilizações feitas pelo governo, como tarefas de limpeza e destruição dos possíveis focos do mosquito que envolveram mais de 200 mil agentes de saúde e militares.

Em sua opinião, essas operações, que contaram com uma ampla publicidade, contribuíram para que a sociedade "fique mais consciente".

Nesse sentido, ele citou uma recente pesquisa, segundo a qual 85% da população brasileira mudou seus hábitos e revisa de forma permanentemente suas residências a fim de detectar possíveis focos do mosquito.

Castro declarou também que durante os Jogos Olímpicos, que serão realizados em agosto, não poderá ser garantida "uma segurança de 100%, porque é impossível", mas o ministro explicou que a incidência de casos de zika terá diminuído.

Por fatores climáticos, ele lembrou que, no país, "março e abril são os meses mais críticos para a proliferação do mosquito, mas a partir de maio ela começa a cair, e em julho chega a seus níveis mínimos", subindo no fim do ano com a chegada do verão.

No entanto, Castro disse que as autoridades sanitárias destinaram atenção "especial" ao Rio de Janeiro e iniciaram operações para detectar possíveis focos em todas as instalações dos Jogos, suas cercanias e os hotéis que receberão as delegações que não vão ficar hospedadas na Vila Olímpica.

Essas operações, segundo o ministro, serão "permanentes", e isso, junto com o fato de que o maior evento esportivo do planeta será realizado em pleno inverno, minimizará os riscos em relação à doença.